Quatro candidatos a professores em Angola, à espera de inserção há dois anos do Ministério da Educação, foram detidos pela Polícia Nacional (PN) em Benguela, nesta segunda-feira, 3, quando tentavam uma audiência com o Presidência da República, João Lourenço, que tinha acabado de chegar àquela província para uma visita de trabalho.
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As detenções ocorreram nas imediações da Administração Municipal de Benguela, no dia em que activistas cívicos, no balanço das manifestações contra o custo de vida, a 17 de Junho, denunciavam “graves violações” de direitos humanos numa cela com mais de 55 detidos.
Há duas semanas, num encontro com a vice-governadora provincial para a área política e social, Lídia Amaro, já os candidatos manifestavam vontade de dialogar com o Presidente da República, a quem tencionam dar a conhecer o que chamam de injustiça.
Eles alegam que tiveram positivas nos exames, daí que exijam a sua inserção imediata, mas a ministra do sector, Luisa Grilo, já fez saber que todos terão de ser novamente submetidos a testes no concurso público anunciado na última semana.
Estas detenções, semanas depois de uma série de protestos, com pedidos de exoneração da governante, ocorreram num jardim, quando companheiros seus se encontravam no Governo Provincial a reforçar a necessidade de uma audiência com João Lourenço.
Activistas denunciam violações de direitos humanos
A PN já contactada, ainda não reagiu a esta situação, nem às denúncias de tortura numa cela com capacidade para não mais de oito pessoas.
Em conferência de imprensa, os manifestantes falaram em tortura com recurso a coronhadas, tendo um apresentado vários ferimentos, e tentativa de assédio sexual a uma jovem, a activista Gisele Alberto.
Mas houve mais, segundo o activista Fernando Duval
No decorrer da visita do Presidente João Lourenço, em companhia dos seus homólogos da Zâmbia e da República Democrática do Congo, no âmbito do Corredor do Lobito, prevalecia o silêncio do Comando da Polícia.
São mais de oito mil os candidatos com positivas mas excluídos por falta de vagas em todo o país.
Quanto às ocorrências após os protestos contra o aumento da gasolina e a alta de preços da cesta básica, os activistas descartam a apresentação de queixa-crime, argumentando que “nunca há responsabilização dos autores”.