Camiões de ajuda começam a entrar na Faixa de Gaza

  • Margaret Besheer
    VOA Português

Trabalhadores do Crescente Vermelho Palestino descarregam camiões que transportam ajuda humanitária depois de entrarem na Faixa de Gaza vindos do Egipto através da passagem de fronteira de Rafah, 21 de outubro de 2023.

Um comboio de 20 camiões do Crescente Vermelho Egípcio transportando ajuda humanitária, incluindo alimentos, remédios e água, começou a entrar na Faixa de Gaza sitiada, neste sábado, 21, através da passagem de Rafah, controlada pelo Egipto.

“Esses camiões precisam de se deslocar o mais rapidamente possível, de forma massiva, sustentada e segura, do Egipto para Gaza”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, numa cimeira de paz no Cairo, no sábado.

Ele agradeceu ao Egipto pelo seu papel na facilitação do comboio.

“Mas o povo de Gaza precisa de um compromisso para muito, muito mais – uma entrega contínua de ajuda a Gaza na escala necessária”, disse Guterres. “Estamos a trabalhar sem parar com todas as partes relevantes para que isso aconteça.”

Dezenas de camiões estão alinhados perto de Rafah, há vários dias, à espera da abertura da fronteira para levar ajuda aos mais de dois milhões de residentes de Gaza.

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O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, disse num comunicado que os “suprimentos que salvam vidas” no comboio são fornecidos pelo Crescente Vermelho Egípcio e pelas Nações Unidas.

Ele disse que eles foram aprovados para cruzar para Gaza e serem recebidos pelo Crescente Vermelho Palestino, com o apoio das Nações Unidas.

Esta é a primeira vez que a ajuda foi autorizada a entrar em Gaza desde que o Hamas lançou um ataque surpresa a Israel, a 7 de Outubro, que matou cerca de 1.400 pessoas, desencadeando uma campanha de bombardeamento israelita e um bloqueio total de Gaza.

Mais de 4.000 palestinos foram mortos. Gaza está agora a preparar-se para uma invasão terrestre israelita.

Distribuição sem interferência

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou o acordo para ajuda limitada a Gaza durante a sua visita a Tel Aviv na quarta-feira, mas a implementação foi adiada enquanto as Nações Unidas trabalham com o Egipto, Israel e os Estados Unidos para esclarecer as condições e limitar as restrições impostas.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, saudou o comboio de ajuda, dizendo que o seu envio foi o resultado de “dias de exaustivo envolvimento diplomático dos EUA na região”.

“Pedimos a todas as partes que mantenham a passagem de Rafah aberta para permitir o movimento contínuo da ajuda que é imperativa para o bem-estar do povo de Gaza”, disse Blinken, acrescentando que o Hamas não deve interferir na distribuição da ajuda.

“Como afirmou o Presidente Biden, se o Hamas roubar ou desviar esta assistência, terá demonstrado mais uma vez que não se preocupa com o bem-estar do povo palestiniano e, na prática, impedirá a comunidade internacional de ser capaz de fornecer esta ajuda," disse Blinken. “As vidas dos civis devem ser protegidas e a assistência deve chegar urgentemente aos necessitados.”

Há mais ajuda

O Programa Mundial de Alimentação (PMA) disse que três de seus camiões faziam parte do comboio. Eles carregaram 60 toneladas de alimentos emergenciais, entre enlatados, farinha de trigo e macarrão. Esta organização tem outras 930 toneladas de alimentos de emergência na passagem de Rafah ou perto dela, prontos para serem trazidos para Gaza sempre que o acesso for permitido novamente.

“Estes alimentos são desesperadamente necessários, porque as condições dentro de Gaza são verdadeiramente catastróficas. Estes vinte camiões são um primeiro passo importante, mas este comboio tem de ser o primeiro de muitos”, disse a diretora executiva do PMA, Cindy McCain, numa declaração escrita.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que tinha quatro camiões a caminho de Gaza transportando kits para traumas, medicamentos para o tratamento de doenças crónicas e medicamentos básicos essenciais e produtos de saúde. Diz que tem mais suprimentos no Egipto e a caminho de lá.

Potencial caos

“Os fornecimentos que actualmente se dirigem para Gaza mal começarão a responder às crescentes necessidades de saúde à medida que as hostilidades continuam a crescer”, afirmou a OMS num comunicado.“Uma operação de ajuda ampliada e protegida é desesperadamente necessária.”

A Embaixada dos EUA em Israel alertou que qualquer cidadão estrangeiro que tente deixar Gaza enquanto a passagem da fronteira estiver aberta “deverá esperar um ambiente potencialmente caótico e desordenado em ambos os lados da passagem”.

O secretário Blinken disse que Washington trabalha “urgentemente” com Israel e com o Egipto para facilitar a saída segura de Gaza de cidadãos norte-americanos e suas famílias.