As autoridades moçambicanas assumem que a caça furtiva, para além do impacto económico e do ponto de vista ecológico, está a ter também graves consequências sociais, tendo resultado já na morte de pelo menos 13 jovens moçambicanos só nos primeiros 11 meses deste ano.
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As polícias de Moçambique, África do Sul e Zimbabwe têm trabalhado conjuntamente para estancar a caça furtiva, mas os resultados deixam muito a desejar e as consequências são desastrosas.
Dados das autoridades moçambicanas indicam que neste ano, os caçadores furtivos mataram mais de mil rinocerontes, os seus alvos preferenciais, para além de elefantes.
Moçambique e a África do Sul estão ligados por um Memorando de Entendimento, que define acções a levar a efeito, conjuntamente, com vista a combater a caça furtiva nos parques partilhados.
O comandante da polícia na província de Gaza, sul de Moçambique João Maunguele disse que nos primeiros 11 meses deste ano registaram-se "24 casos de caça furtiva, com um total de 13 mortos e 10 feridos, 22 indivíduos neutralizados, 12 armas de fogo recuperadas e várias pontas de rinoceronte e marfim, entre outros objectos".
Os sul-africanos dizem que muitos dos indivíduos envolvidos na caça furtiva são moçambicanos, e João Manguele afirma que isso pode ser verdade, porque " é frequente ouvir-se dizer na África do Sul, que os moçambicanos são os que participam mais na caça furtiva, e, se atendermos às estatísticas e às informações fornecidas pela África do Sul, realmente, as 13 pessoas que morreram são moçambicanas".
Praticamente todos os mortos foram jovens que deixaram órfãos e viúvas, e os mandantes nunca foram apanhados.
Na opinião do comandante provincial da polícia em Gaza, os jovens aceitam praticar a caça furtiva "porque acham que essa é uma forma fácil de ganhar dinheiro para construir casa ou adquirir uma viatura moderna, e não entendem que a sua vida é muito mais importante do que uma simples casa ou viatura".
Refira-se que Moçambique acaba de aprovar uma lei que prevê penas bastante pesadas para os caçadores furtivos. Alguns indivíduos, incluindo agentes policiais, estão detidos e vão ser julgados ao abrigo dessa lei.