Cabo-verdianos em Houston "sobrevivem" a Harvey

Houston inundada

Descrevem o cenário e como enfrentam as consequências do furacão

Uma semana depois da chegada do furacão Harvey ao Estado americano de Texas, que agora abate sobre Luisiana e Tennessee como tempestade tropical,as autoridades contabilizam, até agora, 44 mortos e mais de um milhões de pessoas deslocadas.

A cidade de Houston, a quarta maior dos Estados Unidos e o coração da produção de petróleo do país, continua, em grande parte submersa em água.

Na cidade vive uma pequena comunidade cabo-verdiana que, sem registar vítimas humanas, sente o impacto do que o Serviço Nacional de Meteorologia classifica de “crise sem precedentes”.

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Cabo-verdianos em Houston "sobrevivem" a Harvey - 2:40

Patrick Rodrigues e a família tiveram de deixar a casa às pressas quando a água já tinha invadido a residência e agora vivem no terceiro andar de um apartamento que ele possui noutro lado da cidade.

Ele diz só ver água e revela dificuldades em conseguir comida.

Patrick Rodrigues, imigrante cabo-verdiano

“Não há nem leite, não consigo leite em nenhum lugar, nem ovos, nem outro tipo de comida, as filas para combustível e comida são uma loucura”, explica Patrick Rodrigues, lembrando que preço de gasolina disparou.

Ronie Monteiro é outro imigrante cabo-verdiano, cuja área de residência, no entanto, não foi tão afectada, pelo menos num círculo de dois quilómetros. “A partir dai é só água”, garante.

O irmão mais novo de Ronie, Emerson Duarte, teve de sair às pressas.

“O apartamento dele foi completamente inundado, a água chegou a um metro e meio, o carro ficou a flutuar e ele teve de sair usando uma moto aquática”, explica Ronie Monteiro.

Entre as muitas consequências está a perda de negócios, principalmente os de menor porte que empregam milhões de pessoas.

Ronie Monteiro, imigrante cabo-verdiano

A esposa de Ronie Monteiro tem um salão de beleza que está fechado devido à inundação e sem estimativa de reabertura.

Neste cenário apocalítico, Patrick Rodrigues aponta o dedo às autoridades.

“Não vejo muitos bombeiros, não vejo a força nacional, não vejo barcos, sabe o que vejo? Vejo mexicanos, afro-americanos e até cabo-verdianos a ajudar as pessoas”, denuncia Patrick Rodrigues.

A agência Moody's estimou que os prejuízos provocados por Harvey no leste do Texas podem chegar a 75 mil milhões de dólares, o que o coloca entre os fenómenos climáticos mais custosos da história do país.

“De acordo com a minha experiência, estimo que (a recuperação) será muito longa, algumas previsões apontam para três meses apenas para regressar ao normal e um ano para começar o crescimento”, estima Monteiro.