Em Cabo Verde, cidadãos comuns e empresários estão aflitos ante a crise existente há muitos meses no sector dos transportes e pedem solução urgente e duradoura para o problema, com realce para marítimos.
A mais alta autoridade da Igreja Católica do país, o Cardeal D. Arlindo Furtado, usou a sua mensagem na missa de Páscoa para se referir aos custos e à falta de regularidade, enquanto o Governo reconhece as dificuldades e diz estar trabalhar para melhorar a situação.
A concessionária, com muitos problemas, não consegue dar respostas e, nas nove ilhas apenas entre duas há ligações regulares.
Num dos mais recentes episódios, há poucos dias, com a avaria do navio Dona Tututa, os passageiros que deviam seguir viagem da capital, Praia, para a vizinha ilha do Maio enfrentaram durante mais de 24 horas um autêntico calvário, sem conseguir viajar.
Muitas queixas
A situação originou fortes protestos, com os passageiros a exigir mais respeito e uma solução definitiva ao problema que se vem arrastando.
Stizem Cardoso manifestou-se indignado com a situação e afirmou que não é a primeira vez que “estamos enfrentando esses constrangimentos, esperamos que quem de direito veja isto porque não está nada agradável para nós, que somos da ilha do Maio e precisamos viajar”.
Outro passageiro, Miguel dos Santos, emigrante radicado na Holanda, lamentou não haver "consideração nenhuma" por parte da empresa
"Inclusive, pedi informação a um funcionário da companhia e ele simplesmente me ignorou”, contou Santos.
Apelo do líder da Igreja Católica
Também os empresários exigem um melhor serviço de transportes marítimos.
“Penso que se deve repensar a questão da frequência dos transportes para a ilha, porque a forma como está penaliza os investidores… não se pode fazer negócio turístico apenas num fim-de-semana”, lamentou Arlindo Cardoso.
A problemática dos transportes também mereceu reparos do Cardeal da Igreja Católica D. Arlindo Furtado, que na missa de Páscoa falou dos custos e da falta de regularidade.
“Problemas de transportes que é grave… transportes marítimos e aéreos não só no acesso em termos de regularidade, mas também de custos custos exagerados”, disse o Bispo de Santiago.
Governo promete há muito por solução
O Governo, há mês e meio, vem anunciando a assinatura de um novo contrato com a CV Inter-ilhas, com quem está a negociar há muito, mas tudo aponta que persistem desencontros de posições e exigências de ambas as partes.
Em declarações à imprensa, o vice-primeiro-ministro e titular das Finanças, Olavo Correia, reconheceu haver dificuldades e afirmou estar a trabalhar para a resolução do problema.
“Temos de ter a humildade para reconhecer aquilo está mal, precisamos melhorar ainda mais e estamos a trabalhar para que isso aconteça… nos próximos dias vamos noticias em relação ao contrato de concessão”, disse Correia.
A companhia navega com apenas dois navios, que têm sofrido muitas avarias, apesar de ter assumido a responsabilidade de adquirir cinco barcos, o que não aconteceu.