Ulisses Correia e Silva, actual primeiro-ministro de Cabo Verde, vai recandidatar-se à presidência do Movimento para a Democracia (MpD), na convenção do partido agendada para o primeiro trimestre do próximo ano.
O anúncio feito no sábado, na abertura do ano político, e já provocou a reacção do dirigente e deputado do partido, Orlando Dias, que reitera a sua disponibilidade para entrar na corrida à liderança, mas lamenta que o anúncio de Correia e Silva tenho sido feito na contramão “dos mais elementares princípios da ética”.
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Ao anunciar a sua intenção, o actual líder do partido no poder afirmou que o momento não permite que haja crises no país e nem no seu partido, por isso em nome da estabilidade Correia e Silva disse estar disponível a concorrer nas directas internas.
Ele acrescentou que o “momento que se vive não é para populismo, promessas fáceis e difíceis de cumprir”, por isso defende a unidade e coesão do seu partido.
Orlando dias critica
Orlando Dias, que tem criticado a forma como o MpD tem sido dirigido nos últimos tempos, lamenta que o líder tenha feito o anúncio num acto público do partido para “o cavalgar a favor da respectiva candidatura”.
Num post na sua página no Facebook, Dias afirma que “é mesmo muito feio” e adianta que “estamos prontos para disputar com lealdade e seriedade as eleições internas, “só esperamos que o nosso adversário inverta o rumo e acerte o passo pelos mesmos princípios da ética política republicana".
O analista político António Ludgero Correia considera normal e nada de deselegante e de ilícito o anúncio de Ulisses Correia e Silva, feito durante a abertura do ano político do no poder.
No entanto, o antigo conselheiro da Presidência da República não concorda com aqueles que defendem sempre a unanimidade, porquanto entende que a democracia só tem vitalidade com a pluralidade de ideias.
"Este país é uma maravilha, todo o mundo quis o pluripartidarismo, mas as práticas são monopartidárias, toda a gente diz que a dissonância é o sal da democracia, mas querem que se concorde com o que eles dizem", afirma Correia, que defende maior cultura democrática no arquipélago.
O professor universitário e analista político, Daniel Medina, considera que “em termos de apoios e transparência financeira no que tange à mobilização de pessoas para irem à actividade política queaconteceu, penso não ser curial, mas em todos partidos faz-se isso... um hábito não positivo”, mas, segundo aquele antigo jornalista, “neste momento o que nos interessa como cidadãos é que o Ulisses tenha se pronunciado a candidatar-se à sua própria sucessão".
Medina espera contudo, que após o anúncio do actual líder do partido, Orlando Dias leve a sua candidatura até o fim para o bem da consolidação democrática no seio do MpD.