Cabo Verde: Suicídios de crianças "pedem" respostas práticas

Autoridades cabo-verdianas começam a chamar a atenção para suicídios em crianças, um problema que tem ganho acuidade nos últimos tempos.

Dados oficiais indicam que entre 2011 e 2020 registaram-se 52 casos de suicídios.

Embora as estatísticas dos últimos três anos não tenham sido divulgadas, a ocorrência de alguns casos e o alerta da Organização Mundial da Saúde em como tem aumentado os números no seio das crianças e adolescentes a nível mundial, levaram a presidente do Instituto da Saúde Pública (INSP) a defender a realização de um estudo aprofundado para se conhecer as reais causas de suicídios nessa faixa etária no arquipélago.

Enquanto isso, especialistas defendem uma maior presença dos serviços e técnicos sociais nas comunidades, visando um maior acompanhamento e respostas aos problemas que as famílias enfrentam.

A presidente do INSP Maria da Luz Lima considera que o estudo é importante porquanto irá ajudar na melhor tomada de decisões em matéria da saúde mental, já que permitirá que conheçamos "os fatores de risco, ver onde estão os principais problemas… se são nas famílias, no ambiente social ou nas escolas”.

O psiquiatra Manuel Faustino diz não fazer sentido ter uma estratégia montada e depois, por exemplo, promover atividades que propiciam um maior consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas, sem esquecer a resolução de outros problemas sociais.

“A concretização que é fundamental…eu não posso achar que estou a fazer uma boa política da saúde mental quando faço palestras, dou consultas e, por outro lado, estar-se a promover o uso de bebidas alcoólicas e sobretudo no seio de crianças”, aponta o antigo ministro da Educação e da Saúde.

Na opinião da técnica social e presidente da Associação de Apoio a Crianças Desfavorecidas, Lourença Tavares deve-se implementar mecanismos e ter mais presença dos serviços sociais nas comunidades, visando dar mais e melhores respostas aos problemas das pessoas.

“Os problemas estão nos bairros, as famílias precisam ouvir , aprender e ser orientadas a fazer coisas”, reforça Tavares.

"A estreita sintonia entre os diferentes sctores públicos e privados com responsabilidades sociais revela-se também fundamentais, porquanto permitirá a uma maior capacidade na busca de soluções para os problemas identificados", conclui.

Assinala-se em setembro o mês da saúde mental, durante o qual as autoridades cabo-verdianas pretendem dar ênfase ao acesso a serviços e cuidados de saúde mental de forma contínua tendo em conta as desigualdades na atenção às pessoas com transtornos mentais.