Cabo Verde foi, recentemente, citado como o quarto país mais endividado do mundo, atrás do Japão, Grécia e Líbano.
O Fórum Económico Mundial diz que a divida do arquipélago chega a 133,8 por cento do PIB, numa economia que conheceu fraco crescimento nos últimos cinco anos
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Neste momento já se nota ligeiras melhorias, mas o Fundo Monetário Internacional alerta que uma divida crescente juntamente com uma valorização do dólar, conforme previsto pelos mercados, pode aumentar os factores de risco.
O economista Avelino Bonifácio diz à Voz da América que a divida é normal para um país sem grandes margens de financiamento.
O mais preocupante, afirma o nosso entrevistado, prende-se com a não rentabilidade dos investimentos feitos, a fim de permitir a mobilização de recursos para o pagamento do empréstimo contraído.
“Posso contrair dívidas para construir um prédio e coloca-lo na renda. Com o investimento consigo meios para pagar a minha divida e até fazer alguma poupança para outras despesas. Coisa diferente, é emprestar dinheiro para fazer uma festa de baptizado, e depois eu não ter meios para saldar a divida”, conta Bonifácio.
Na opinião do economista, alguns investimentos realizados na infra-estruturação do país não produziram efeitos práticos de rentabilização, daí a grande preocupação em como saldar a divida contraída.
Bonifácio entende que agora se deve mudar de rumo, apostar em coisas que possam ser bem exploradas e rentáveis, já que a margem de endividamento está cada vez mais curta.
Na mesma linha, o professor universitário da economia e finanças defende uma melhor gestão dos investimentos realizados.
José António Fernandes diz que não se pode continuar com a política de dívidas, sem que as obras realizadas possam ter a necessária rentabilidade, e permita o país honrar os compromissos assumidos.
“Devemos direccionar as nossas acções na via de promoção e crescimento económico, porquanto só com a geração de riquezas se pode caminhar rumo ao desenvolvimento equilibrado e sustentado”, realça Fernandes.
Apesar dos juros da divida cabo-verdiana serem relativamente baixos, o economista e professor universitário advoga a implementação de medidas concretas, sob pena da situação tornar-se insustentável no futuro.