O primeiro-ministro de Cabo Verde disse ter aceite o pedido de demissão do ministro do Turismo e Transporte que foi constituído arguido numa investigação relacionada com suspeitas de lavagem de capitais.
Ulisses Correia e Silva fez o anúncio nesta quinta-feira, 30, nas redes sociais depois de Carlos Santos ter dito que pediu a demissão na semana passada para poder se defender e não afetar o Governo.
Veja Também Cabo Verde: TACV demora a levantar voos e críticas sucedem-seA notícia da acusação contra Carlos Santos foi revelada na quarta-feira, 29, pelo portal Santiago Magazine.
Em conferência de imprensa nesta quinta-feira, 30, o ministro revelou que tudo começou em 2014, antes de entrar para o Executivo, quando ele aceitou receber 25 mil euros do advogado Amadeu Oliveira, em Lisboa, para depositar na conta dele já que Oliveira não tinha conta bancária em Portugal e ele sim.
“A decisão de aceitar essa transferência foi baseada na relação de confiança que mantinha com Oliveira e na sua condição de advogado”, continuou Carlos Santos, que, depois, segundo ele, devolveu “o valor através da banca às contas indicadas pelo dr. Amadeu Oliveira de pessoas bem identificadas”.
Ao ser notificado na semana passada pela Procuradoria da República e confrontado com suspeitas de lavagem de capitais, Santos reconheceu ter ficado estupefacto e triste.
“Respondi à sra. Procuradora e fiz chegar cópia dos e-mails trocados na altura com o dr. Amadeu Oliveira em que, ainda bem, registei os momentos do depósito e da devolução. Obviamente estou estupefacto, surpreendido e triste, pois uma mera transação/empréstimo feito com boa-fé é transformado nesta suspeita”, afirmou Santos.
“Perante uma suspeita tão grave, já tinha colocado o cargo à disposição do sr. primeiro-ministro, na semana passada, por duas razões: para que eu possa defender o meu bom nome e para não permitir que o Governo seja manchado”, avançou o demissionário ministro do Turismo e Transporte, que concluiu dizendo estar seguro da sua “inocência.
O Chefe do Governo, que aceitou o pedido de demissão, disse acreditar “nas palavras sinceras do Carlos Santos e nas evidências que ele apresentou relativamente ao caso em que foi envolvido” e apelou para “que não se faça julgamento e nem condenação na praça pública”.
Na sua página no Facebook, Ulisses Correia e Silva lembrou que ser arguido “não significa culpabilidade e muito menos condenação” e agradeceu a “dedicação e a competência” com que Carlos Santos desempenhou, enquanto ministro do Turismo e Transportes, contribuindo para a “retoma e crescimento do turismo pós pandemia da Covid-19, e para a estabilização do sector dos transportes aéreos inter-ilhas, que brevemente estará a receber novos aviões”.