Na celebração do dia da liberdade de imprensa, jornalistas cabo-verdianos reconhecem que o país tem dado passos significativos nesse capítulo, mas querem reformas para se atingir patamares mais elevados.
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Apesar de ganhos registados, o jornalista António Silva Roque entende que o sector público de comunicação social deverá dar outros passos e não produzir noticias com base em notas e conferências de imprensa das estruturas públicas e politicas.
“Precisamos de apostar no jornalismo de investigação, estar mais próximos do povo, neste caso fazer mais trabalhos de cariz social”, disse o jornalista da RCV, rádio do país.
O jornalista defende também uma maior colaboração dos responsáveis, sobretudo dos serviços do estado, no sentido de se abrirem aos jornalistas quando solicitados para a divulgação de qualquer informação.
A postura assumida por muitos em se fecharem em copas, adianta o jornalista, só contribui, muitas vezes, para dificultar o esclarecimento e a resolução de determinadas questões do dia-dia do país.
No entanto, Silva Roque afirma que cabe aos jornalistas a responsabilidade de lutar para mudar a situação, porque alguns profissionais da comunicação social contribuem para que tal marketing aconteça.
Silva Roque faz também faz reparos aos relatórios internacionais que medem o grau da liberdade de imprensa no arquipélago.
“Estranho os critérios, já que não compreendo como Cabo Verde se posiciona à frente de países como a Noruega, Brasil e outros," disse.
Eles acrescentou que "nunca ninguém dos citados organismos me pediu opinião enquanto jornalista sobre o exercício da profissão no país”.
A jornalista do Ocean Press, Ester Conceição manifesta satisfação pela posição que o arquipélago ocupa em termos da liberdade de imprensa, mas lamenta a existência de algumas barreiras.
Na opinião da jornalista, o facto de o Estado ser o maior empregador na área da comunicação social poderá dificultar a acção dos profissionais.
“Noto que as pessoas que dirigem os serviços públicos, ainda não se disponibilizam para dar informações que precisamos, daí esperar que mudem esse comportamento”, enfatiza a jornalista.
Para a entrevistada da VOA, já não se justifica sonegar informações aos jornalistas, por que de qualquer forma elas acabam por vir a praça pública, tendo em conta que se está no mundo aberto das novas tecnologias e aí “as redes sociais também jogam um papel de alguma relevância ”.
Outra dificuldade avançada relaciona-se com a situação financeira dos órgãos privados de comunicação, já que o mercado publicitário ainda não é muito atractivo.
Por outro lado, a jornalista manifesta preocupação com a precariedade nas condições de trabalho em determinados órgãos privados, e considera necessária a intervenção da autoridade reguladora para a comunicação social na fiscalização.
"Julgo que os baixos salários praticados não estimulam o profissional no exercício da profissão, por isso considero que se deve resolver este problema, de forma a contribuir para a melhoria da qualidade do trabalho jornalístico praticado em Cabo Verde”, conclui Ester Conceição.