Decorre até o dia 15 de Julho em Cabo Verde uma campanha de recolha de armas, no momento em que entrou em vigor a nova lei que aumenta a pena para portadores ilegais de armas, com ênfase para as de fabrico artesanal que dá prisão preventiva aos infractores.
Especialistas ouvidos pela VOA não se mostram muito optimistas quanto aos resultados da campanha e afirmam que tem faltado vontade política dos decisores para um verdadeiro combate à criminalidade.
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O jurista e oficial superior da polícia na reforma João Santos espera que a campanha venha a ter o sucesso que todos desejam, já que se trata de uma excelente condição para a redução da criminalidade que ganha contornos que preocupam sobretudo nos principais centros urbanos.
No entanto, Santos considera que a "campanha revela certa fragilidade da instituição policial no controlo de armas no país".
Para aquele académico, Santos as autoridades têm, no entanto, de atacar os problemas sociais, uma vez que, segundo diz, não se consegue ter muito sucesso no combate à criminalidade apenas com o aumento da moldura penal, dos efectivos e das condições materiais das polícias.
“Nós estamos a transformar os problemas sociais em questões de polícia e de justiça, este que é o grave erro ou equívoco que existe entre nós… enquanto não atacarmos e encontrarmos soluções sociais para os problemas sociais não sairemos desse dilema”, afirma aquele jurista.
O sociólogo e investigador Redy Lima aponta, por seu lado, que as causas estão identificadas e muito já se disse e escreveu sobre isso, mas ainda não foi absorvido pelos actores políticos.
No seu entender, falta assunção e vontade política dos principais partidos, Governo e poder municipal em traçar um verdadeiro pacto para dar combate aos problemas sociais e sequentemente à criminalidade.
“Se não houver de facto uma apropriação política de resolver os problemas do Governo tanto central como municipal mas o que temos na pratica… mas o que nós temos na prática, falamos de brigas entre grupos, onda de onde criminalidade, assaltos e a briga entre os dois principais partidos e a Câmara e o Govern,o isto também influencia de certa forma… nós temos eleições no próximo ano e essas pessoas que produzem violência na cidade e são depois utilizados pelos partidos políticos, isso que estamos a falar nos últimos quinze anos”, analisa Lima.
O ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, disse recentemente que as ilhas do Fogo e Santiago são os principais pontos de entrada de munições.
As estatísticas indicaram que, até o início deste mês, foi feita “a apreensão de mais de duas mil munições nos portos da Praia e de São Filipe”.
O governante acrescentou ainda que, apesar das tácticas dissimuladas utilizadas para o envio de munições e armas, "as autoridades possuem meios reforçados para fazer as “apreensoes nos portos e aeroportos”.