Em Cabo Verde, 14 listas independentes concorrem às eleições autárquicas do próximo dia 25 do corrente, mas relatam dificuldades impostas pelos partidos fortes.
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Cabo Verde: Candidaturas independentes enfrentam dificuldades nas “Autárquicas”
Alguns candidatos abordados pela VOA consideram que se trata de uma missão difícil, uma vez que a sociedade é altamente partidarizada e os próprios partidos politicos, sobretudo a força que sustenta a governação central e municipal, tudo fazem para dificultar o espaço de manobra e acção aos grupos de cidadãos que se apresentam na corrida eleitoral.
Milton Paiva deputado nacional do MPD, decidiu concorrer à Câmara municipal de São Domingos liderando uma lista impendente.
Veja Também Cabo Verde: Apenas duas mulheres lideram listas nas “autárquicas” de outubroO candidato afirma que apesar de Cabo Verde possuir boas leis e realizar eleições regulares com alternância de poder pacífica, ainda falta uma maior cultura e exercício prático da democracia.
Paiva diz que "esse tipo de ameaças e pressão não saem nos jornais, mas é altamente cruel. Nós por exemplo, tivemos várias desistências e os motivos são vários. Há pessoas que aceitam participar numa lista e depois é-lhes oferecido um cargo para que desistam; outras recebem promessas de emprego, de um projeto adjudicação que estavam à espera, outras têm famílias em negócios e receiam perder".
Este candidato conta que por detrás da cortina da democracia , igualdade e oportunidade de concorrência, há muitos "obstáculos e ameaças" que fazem com que grupos independentes sejam raros.
Espaço para sociedade civil
Paiva afirma que pessoas "ousadas como nós tomam esse risco" na expetativa de dar contribuições para que a participação de grupo de cidadãos seja normal e sem grandes dificuldades.
O economista Paulino Dias é outro cidadão que concorre à presidência da Câmara municipal da Ribeira de Santo Antão, liderando um movimento independente.
Para ele, é preciso que se valorize mais as candidaturas organizadas fora da esfera partidária.
"Não significa que os partidos políticos sejam menos importantes, têm grande importância no sistema democrático e representativo que escolhemos, mas é preciso criar espaços para que a sociedade civil possa também participar nos processos de gestão do território de forma mais fortalecida", defende Dias.
Na ótica do economista, os partidos devem acabar com sinais de receio e dificuldades em lidar com a sociedade civil organizada.