Um dia antes de completar dois anos de mandato, que se assinala nesta quinta-feira, 9, o Presidente da República de Cabo Verde reuniu os dois anteriores chefes de Estado vivos para um debate com jovens, intitulado “Presid Talk – Inovação Política em Cabo Verde”
José Maria Neves, Pedro Pires e Jorge Carlos Fonseca consideraram que a despartidarizacao das estruturas públicas, maior cultura de diálogo e aposta na qualidade do ensino são fatores essenciais para o reforço do Estado de Direito democrático, defenderam o actual e dois antigos Chefes de Estado de Cabo Verde, que estiveram reunidos na mesma sala a debater com os jovens na cidade da Praia.
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No desafio lançado pela Building Innovation Communities, uma organização juvenil, José Maria Neves disse que Cabo Verde, pela sua pequenez e fragilidades, está obrigado a aproveitar todas as capacidades internas e da diáspora, realçando, neste caso, a importância de se adotar maior cultura de diálogo e concertação sobre os principais assuntos da política interna e externa .
“A democracia é pluralismo, o dissenso, e temos de reaprender a dialogar e discutir a partir das nossas diferenças… para que o debate político seja mais elevado , seja um debate de ideias e contribua para encontrarmos as melhores soluções para o futuro”, defendeu Neves.
O atual Presidente sublinhou que deve-se aproveitar as potencialidades e as possibilidades do sistema semi-presidencialista de base governativa parlamentar em vigor, para uma melhor cooperação institucional entre os diferentes órgãos de soberania e, assim, "acelerar passos e conseguirmos realizar os nossos sonhos”.
Durante a conversa foram levantadas vários temas, com realce para um melhor aproveitamento das enormes capacidades da diáspora cabo-verdiana.
Neste particular o Chefe de Estado disse que se deve abrir canais para que haja uma participação mais efetiva nos domínios do conhecimento e saber dos cidadãos radicados no estrangeiro.
Por seu lado, Jorge Carlos Fonseca, antecessor de Neves na Chefia do Estado, entende que a aposta numa educação de qualidade constitui um dos grandes imperativos para a vida do país.
“Um país com as nossas caraterísticas não consegue ser competitivo sem ter quadros muito bem preparados e sem termos um sistema educativo de ponta… ao longo dos anos tem-se conseguido ganhos, mas entendo que nós temos que formar os professores dos nossos professores nos países que têm experiência de alcançar o mais alto patamar num contexto de marcha acelerada… é o grande desafio para a economia, o desenvolvimento, para a competitividade externa – o ponto de partida para tudo”, disse Fonseca.
Reforço da capacidade técnica dos magistrados e a criação de outros instrumentos para tornar a justiça mais célere e Justa, bem como a necessidade de uma comunicação social independente, com jornalistas mais capacitados para fazer a filtragem da onda de informações e contra informações publicadas nas redes sociais, foram outros fatores defendidos pelo antigo Chefe de Estado como essenciais para a consolidação do Estado de Direito democrático.
Por sua vez, Pedro Pires, que antecedeu Fonseca na Presidência, considerou que o fato inédito de se juntar no mesmo espaço três altas personalidades demonstra ser possível dialogar mais e aproveitar todas as valências existentes nas ilhas e nas comunidades emigradas, com o propósito de servir melhor o país e os cidadãos.
“Se nós olharmos mesmo para países europeus por exemplo, os antigos Presidentes muitas vezes estão em “guerra” uns com outros e mesmo com o Chefe de Estado em exercício… a nossa presença aqui é sinal e mensagem clara de que podemos estar juntos, coabitar e trabalhar juntos por Cabo Verde”, afirmou o comandante de Brigada.
Os três estadistas desafiaram, na conversa, os jovens a serem destemidos, interventivos e participativos, fatores que considerraam determinantes na caminhada de desenvolvimento do país.