Terminou nesta sexta-feira, 15, em Cabo Verde a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de domingo, em que quase 400 eleitores vão escolher o quinto Chefe de Estado do país.
Durante duas semanas, os sete candidatos percorreram os diferentes pontos do arquipélago com as suas ideias e na caça ao voto, mas analistas políticos consideram que a luta foi desigual tendo em conta os apoios partidários e que a disputa centrou-se em Carlos Veiga e José Maria Neves, dois antigos primeiros-ministros.
Ficou bem visível o jogo de forças entre os candidatos que já foram chefes de Executivo e que tiveram apoio dos partidos do arco do poder, enquanto os demais concorrentes não tiveram recursos para mobilizar grandes massas nos diferentes pontos do país e nas comunidades emigradas.
Para além do ponto de vista dos analistas, alguns cidadãos mostram-se desalentados com a excessiva partidarização das presidenciais e as mensagens dos candidatos, muitas delas com promessas que não são competências do Chefe de Estado.
Leonela Furtado avançou à VOA não estar convencida de muitas propostas divulgadas na campanha, uma vez que muitas delas se inserem no quadro do poder executivo, portanto responsabilidades do Governo.
"Eles prometem tanto que muitas vezes confundem o povo... não acho que essas propostas sejam coerentes... porquanto depois não poderão cumprir", disse a jovem estudante.
Outra preocupação levantada por muitas pessoas prende-se com o excessivo envolvimento dos principais partidos na campanha eleitoral, facto que, segundo Silvania Lopes, cria desigualdade de oportunidade entre os diferentes concorrentes.
"O nosso problema é que focamos somente no PAICV e no MPD, não estamos a dar voz aos outros, não acho isso salutar", desabafou.
Apesar de terem estado na estrada sete concorrentes o professor universitário José Maria Semedo afirma que dificilmente um candidato sem apoio dos principais partidos conseguirá se eleger Presidente.
"Acho que isto não é tão fácil em Cabo Verde porque tem a ver com o próprio desenvolvimento económico, social e cultural... ainda não temos um país onde a maioria de cidadãos dispõe de recursos próprios e uma decisão autónoma, já que depende do sistema do governo", realçou o analista político.
Na corrida ao Palácio do Plateau estão os antigos chefes do Governo Carlos Veiga, advogado de carreira, apoiado pelo MpD, no poder, e a UCID, e José Maria Neves, docente universitário, que tem apoio do PAICV, principal partido da oposição..
Os outros concorrentes são Hélio Sanches, advogado e ex-deputado do MpD, Casimiro de Pina, formado em Direito e antigo conselheiro do primeiro-ministro, Gilson Alves, médico, Fernando Rocha, engenheiro naval, e o professor Joaquim Monteiro.
Uma destas personalidades será eleita, para substituir Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República.