O Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), que manifesta preocupação com o aumento do número de crianças raptadas por terroristas em Cabo Delgado, disponibilizou mais de sete milhões de meticais para reforçar a investigação de casos de violência contra menores e mulheres em Moçambique.
Dados oficiais indicam que, pelo menos, 51 crianças foram raptadas por jihadistas, nos últimos 12 meses, maior parte das quais raparigas, e o UNICEF calcula que 350 mil menores estão em situação de deslocados, devido ao conflito em Cabo Delgado.
Estes números refletem apenas os casos reportados, estimando-se que o balanço real de raptos de crianças seja muito superior.
Veja Também Testemunhas confirmam à VOA uso de crianças-soldado pelos insurgentes em Cabo DelgadoA representante do UNICEF em Moçambique, Maria Luisa Fornara, falando numa conferência destinada a discutir, entre outros assuntos, formas de evitar que as crianças sejam recrutadas para se juntarem aos terroristas em Cabo Delgado, defendeu ser responsabilidade de todos, proteger os menores da violência armada.
Ela disse que as crianças em Cabo Delgado continuam a necessitar de apoio a longo prazo; "elas são o grupo mais vulnerável em cenário de conflito, e a sua utilização dentro de grupos armados pode ter impactos duradouros na sua saúde e bem-estar".
Na sua opinião, a situação das crianças na província de Cabo Delgado é muito preocupante, pelo que é importante que tudo seja feito para reforçar a sua protecção.
Veja Também Cabo Delgado: Terroristas raptam adolescentes em Nangade"Estou confiante que através de esforços e acções conjuntas, seremos capazes de cumprir os nossos compromissos para com as crianças em Moçambique, particularmente as que foram afectadas pela situação em Cabo Delgado," disse Fornara.
Acelerar a investigação
Os 7.2 milhões de meticais disponibilizados pelo UNICEF servem para "reforçar e acelerar" a investigação de casos de violência contra crianças e mulheres em Moçambique.
O valor serviu para a compra de equipamentos para o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) de Moçambique.
Segundo o UNICEF, "espera-se que os equipamentos contribuam para a melhoria de acesso e a aceleração das investigações de casos de violência contra as crianças e violência baseada no género em Moçambique".
Uma criança foi vítima de violação sexual a cada seis horas em Moçambique, entre Janeiro e Setembro de 2020, disse a organização não-governamental Visão Mundial, citando dados do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique.
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