Cabo Delgado: Retomada de projectos de petróleo e gás não depende apenas da segurança

Patrulha em Palma, Cabo Delgado

O Governo moçambicano diz estar confiante que as companhias ligadas aos projectos de petróleo e gás em Cabo Delgado, incluindo a ExxonMobil, irão retomar as suas actividades, com a melhoria das condições de segurança em Palma, mas para analistas a demora na tomada de decisão final não se deve apenas à insegurança.

O Presidente Filipe Nyusi disse que “a ExxonMobil é parceira de Moçambique e nós estamos a trabalhar juntos (...) a petrolífera garantiu-nos que a questão não é se volta ou não, mas quando volta”.

Aquela petrolífera norte-americana ainda não apresentou o seu projecto final de investimento, tendo parado as suas actividades, em Cabo Delgado, em 2021, por causa dos ataques terroristas que mataram milhares de pessoas e deslocaram mais de um milhão desde 2017.

Para o economista João Mosca apresentação do projecto final poderá demorar ainda algum tempo, porque as companhias não tomam a decisão final numa situação de guerra como a de Cabo Delgado, uma vez que essa situação pode mudar rapidamente.

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"Não é completamente garantida a protecção ruandesa à zona onde actua sobretudo a parte logística dessas empresas, mas não só isso, como também todas as vias de acesso a esses locais são atacadas", disse o economista.

Ele referiu que os custos operacionais e de investimentos multiplicam-se muito, assim como os salários que os técnicos recebem numa situação de risco alto e os preços dos transportes e prestação de serviços, "e as companhias estão se resguardando com isso".

E, eventualmente, disse João Mosca, essas companhias não estejam tão interessadas em fornecer mais gás e petróleo ao mercado, porque se isso acontecer o preço pode baixar para 45 ou 50 dólares por barril, "o que não-lhes interessa de forma nenhuma".

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"Então, esses factores de mercado também devem ser considerados e não apenas a situação militar em Cabo Delgado", realçou.

Além disso, existem, igualmente, razões geo-estratégicas que contribuem para essa situação, ou seja, as empresas mantêm o seu interesse no petróleo e gás de Cabo Delgado, mas sem decidirem sobre o avanço definitivo do investimento.

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