Cabo Delgado: Governador disponiliza transporte para deslocados de Ancuabe regressarem às suas casas

Deslocados devido à insurgência em Anguabe, Cabo Delgado, Moçambique

Cerca de 760 famílias chegaram a Pemba até ontem em fuga depois do ataque de domingo, 5, em Ancuabe

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, dispensou nesta quarta-feira, 8, seis viaturas da sua comitiva para transportar dezenas de deslocados que fugiram de ataques terroristas em Ancuabe e que viviam ao relento ou nas bermas da estrada em Metoro, a sul do distrito.

Pelo menos 760 famílias chegaram a Pemba, capital da província, até ontem, provenientes da aldeia Nanduli, fustigada no domingo, 5, pelo ataque de Ancuabe, o décimo distrito que a ser afectado diretamente pela insurgência em Cabo Delgado.

O governante, que escalou o distrito três dias depois do primeiro ataque a Ancuabe, que provocou quatro mortos, encorajou a população das aldeias não atingidas a regressar às suas origens, como forma de não agravar a crise humanitária já vivida em Cabo Delgado.

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“A esta população que esta aqui, é sim deslocada por questões de segurança, mas as suas aldeias não foram intervencionadas em termos dos ataques terroristas, então a estes nós queremos apelar para que se façam presentes nas suas aldeias porque a nossa Força de Defesa e Segurança está próxima em todas aquelas aldeias por perto de Nanduli”, referiu Valige Tauabo, num breve encontro com os deslocados em Metoro.

O governador disse que foi reforçada a segurança na aldeia atacada e noutras aldeias circunvizinhas, sobretudo as da zona onde se supõe que o grupo terrorista tenha implantado a sua mais recente base.

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“Mesmo em Nanduli onde houve a incursão terrorista a nossa força esta lá, porque também houve outra população que apenas tinha saído durante aquela noite e dia seguinte retornaram a sua aldeia”, informou Valige Tauabo, afiançando, contudo, que ainda precisa ser feito um trabalho para um regresso seguro aquela aldeia.

Valige Tauabo disse que o “Governo não esta a ignorar” o avanço do grupo terrorista para os distritos tidos como seguros, e voltou a lançar um vigoroso apelo a população ser “vigilante e denunciante”, considerando ser estas as formas para ganhar o terrorismo.

Deslocados com medo

Um dos deslocados, Fernando Binasse, contou ter caminhado com crianças 27 quilómetros de Ancuabe para Metoro, e viveu ao relento durante três dias, sem poder se alimentar por falta de dinheiro e ajuda humanitária para os novos deslocados.

A disponibilização das viaturas é um alivio para a sua famíliae uma esperança do regresso a normalidade, mas mantém o receio da sua aldeia ser escalada pelos terroristas na nova onda de ataques do grupo ligado ao Estado Islâmico.

“Medo ainda não acabou, se bem que o nosso Governo já esta a incentivar o nosso regresso, penso que já criou mecanismos de defesa, não é possível dizer isso sem confiar alguma coisa”, precisou Fernando Binasse, que também regressou a sua aldeia.