O Estado Islâmico reivindicou nesta quinta-feira, 24, ter emboscado uma viatura militar e morto três elementos da força moçambicana, numa semana em que estas anunciaram ter abatido dois lideres do grupo terrorista em Cabo Delgado.
Através dos seus canais de propaganda, o grupo radical, diz ter emboscado e queimado uma viatura militar e morto três ocupantes em Quiterajo, no distrito de Macomia.
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“Militares foram mortos e armas capturadas”, diz a comunicação do grupo que circula desde o início da manhã desta quinta-feira, 24, nas redes sociais.
Vários populares contaram à VOA que esta semana continua a ser marcada por intensos confrontos entre as forças governamentais e os insurgentes, que movimentam-se em numerosos grupos entre os distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe e Macomia, onde supostamente tentam reinstalar as suas bases.
Veja Também Cabo Delgado: Defesa moçambicana anuncia morte de líderes terroristasA Defesa moçambicana, que luta para travar essa reinstalação de bases jihadistas, anunciou, na quarta-feira, 23, ter morto dois elementos com funções importantes na direção do grupo de insurgentes, incluindo o vice-comandante das suas operações.
“Foi abatido o terrorista Abu Kital, que ocupava a posição de vice-comandante das operações dos terroristas do grupo Al Sunna wa Jammat e adjunto de Ibin Omar”, avança o comunicado do ministério da Defesa, realçando que também “foi posto fora de combate o terrorista Ali Mahando que, à semelhança de Abu Kital, ocupava importantes funções no seio do grupo terrorista”.
A defesa moçambicana avança ainda que, na terça-feira, 22, uma das suas unidades motorizadas, com destino a Quiterajo, “entrou numa emboscada inimiga e capotou numa ponteca (...) porém os seus ocupantes sairam ilesos”, contrariando assim as informações do Estado Islâmico.
A VOA tentou novos esclarecimentos junto do Ministério da Defesa, que não respondeu de imediato o nosso pedido enviado por e-mail.
Insegurança
Entretanto, várias fontes locais, confirmaram a emboscada e a morte de alguns militares, sem avançar com números, no incidente que devolveu a insegurança em Quiterajo, que é foi alvo frequente de incursões de grupos armados.
“Houve a emboscada da caravana que ia para Quiterajo, isso aconteceu, e queimaram a viatura, e há mortes, morreu-se muito”, disse um morador de Macomia na condição de anonimato por temer represálias.
Um outro morador, Abu Issa, disse à VOA que “um dos militares que morreu era natural de Pemba, vimos a comprar uma cama lá, para às 15 horas de segunda-feira ouvirmos que morreu nesta emboscada”.
Veja Também Líderes da África austral endossam continuidade de missão militar em Cabo Delgado“Vimos muitos da tropa sul-africana a irem a Quiterajo. Também vimos a tropa de Ruanda, Botswana a seguirem para lá, mas nós não entendemos como é que aconteceu essa emboscada”, precisou um outro morador numa entrevista telefónica à VOA.
Os terroristas que atuam em Cabo Delgado têm ligações com o Estado Islâmico. Desde 2017 provocaram a morte de cerca de quatro mil pessoas e a fuga de mais de um milhão de pessoas, segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que, no entanto, assegura o regresso de mais da metade dos deslocados.