O ministro moçambicano da Defesa, Cristóvão Chume, diz que, a par das operações militares, é fundamental a capacitação das comunidades e lideres locais, para que possam ter uma contribuição directa no combate ao terrorismo e extremismo violento.
Foi, com efeito, a 5 de Outubro de 2017, que um grupo de terroristas atacou e ocupou a vila de Mocímboa da Praia, onde, além de destruir diversas infraestruturas económicas e sociais, tomou o controlo do porto e aeroporto.
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O ataque marcou o inicio das ações terroristas que depois se alastraram a outros distritos de Cabo Delgado e às vizinhas províncias de Niassa e Nampula, provocando milhares de mortes e deslocados.
Presentemente, as autoridades governamentais dizem que, apesar de alguns ataques, a situação está sob controlo, mercê do apoio de tropas do Ruanda e da SADC, que resultou, inclusive, na morte de alguns líderes dos insurgentes.
O ministro da Defesa Nacional, Cristovão Chume, diz que apesar destes avanços, é preciso capacitar as comunidades e os lideres locais para que tenham um contributo direto na luta contra o terrorismo e extremismo violento.
Chume realçou que isso passa pela elaboração de programas de educação para evitar a radicalização e promover os valores da tolerância, inclusão e respeito pelos direitos humanos, porque no campo militar há progressos assinaláveis.
Soluções locais
Para o diretor do Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC), João Pereira, qualquer tipo de política no combate ao terrorismo e extremismo violento requer a sua contextualização, defendendo mais interação entre as instituições de pesquisa, inteligência e segurança, para garantir fluidez e cruzamento de informações.
Nesse sentido, o MASC anunciou o alargamento das academias comunitárias de Palma aos distritos de Mocimboa da Praia e Macomia para impulsionar a consciencialização política, “porque temos que ter soluções locais para problemas locais’’.
Mas Hilário Chacate, docente universitário e especialista em relações nternacionais, diz que isso vai ser insuficiente se não forem eliminadas ou minimizadas as causas do terrorismo, nomeadamente, ‘’o sentimento de exclusão política e económica, sobretudo por parte dos jovens de Cabo Delgado, associado a outros fatores como a percepção de que a exploração de rubis, madeira e hidrocarbonetos não beneficia as comunidades locais’’.
Por seu turno, o analista político Lucas Ubisse defende que é preciso também que as Forças de Defesa e Segurança, incluindo a inteligência militar, tenham capacidade operativa e intelectual para lidar com questões do terrorismo, porque a presença de tropas estrangeiras não é eterna nem é sustentável ao longo do tempo.