A situação social e económica dos Cabindas é descrita de "inferno" por vários activistas cívicos e dos direitos humanos que viajaram para a capital do país, para entregar um relatório da situação a algumas representações diplomáticas em Angola.
O agudizar da situação económica e social dos cabindas, o alegado aumento das detenções e repressão no enclave, são alguns dos pontos a serem reportados pelos activistas à embaixada do Brasil e à representação da União Europeia em Luanda.
Activistas como Alexandre Kuanga Nsitu coordenador da Associação para Desenvolvimento, Cultura e Direitos Humanos de Cabinda (ADCDH), Arão Tempo, presidente do Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para sua Soberania, só para mencionar alguns, dizem-se agastados com a situação em que grande maioria dos cidadãos de Cabinda vive.
Como as instituições do estado angolano já solicitadas, não dão resposta, e como em Cabinda não há nenhuma representação diplomática de países ocidentais decidiu a delegação de activistas desembarcar em Luanda para manter encontros com pelo menos duas, nomeadamente embaixada do Brasil e a representação da União Europeia sediadas aqui em Luanda.
"As embaixadas para irem criar lá consulados é difícil, as organizações internacionais como Amnistia Internacional, a Human Right Watch para irem a Cabinda é difícil, quase impossível, mesmo as organizações nacionais, por isso decidimos vir a Luanda porque Cabinda neste momento é um inferno", disse Alexandre Kuanga Nsitu, coordenador da ADCDH e porta voz da delegação de activistas que descreveu à VOA as vicissitudes porque passaram activistas recentemente presos.
"Fomos presos, surpreendidos por um aparato policial, algemados e espancados e metidos na cela da investigação Criminal da Nissan em Cabinda, um local impróprio, para humanos, mandam tirar a roupa, a comida que recebemos dos familiares eles é que comem, nós convivemos com urina, fezes, comida no mesmo local”, disse.
“Se quer defecar é ali, (urinar) também, comer é no mesmo sítio, aquela cela já não deviam pôr pessoas, não é lugar para alguém viver, nem mesmo para animais.", acrescentou.
Os activistas procuram pelo apoio da embaixada do Brasil e da União Europeia, para influenciar o executivo angolano a parar com actos que consideram ser violações aos direitos humanos.
O activista Kuanga Nsitu diz que um ano depois das eleições, a situação em Cabinda só se agravou.
"As eleições só pioraram a situação lá em Cabinda que antes nunca tivemos pessoas a pedir esmolas na rua, hoje temos, nunca tivemos crianças na rua, hoje deambulam por lá, um ano após as eleições esta governação só agravou a situação em Cabinda", disse.
Arão Tempo é advogado e normalmente tem sido o assistente de vários activistas presos em Cabinda, diz que se assiste em Cabinda “a repressões, comportamentos lesivos, detenções arbitrárias, todos os direitos fundamentais silenciados”.
“Os cabindas não podem andar livremente, os cabindas não podem reunir, toda gente é tida de FLEC, desde a governação de João Lourenço a crise piorou em Cabinda, não há um programa ou empresas sérias que possa aliviar a vida dos cabindas", acrescentou. A VOA tentou contactar alguém do Governo de Cabinda, sem qualquer sucesso.
A delegação de activistas mantém esta semana encontros com a embaixada do Brasil e na sexta-feira com a representante da União Europeia em Angola.