No Burundi, o general Godefroid Niyombare, anunciou hoje aos microfones de rádios privadas nacionais que o presidente Pierre Nkurunziza foi afastado do poder e que estava a ser formada uma comissão para restaurar a harmonia e a unidade no país.
Afirmou também que foram encerrados todos os aeroportos e fronteiras do país.
O general Niyombare foi afastado do cargo de chefe dos serviços secretos do Burundi em Fevereiro passado.
Nkurunziza encontra-se entretanto na Tanzânia para participar numa cimeira de cinco países da África Oriental convocada precisamente para analisar a vaga de violência no Burundi.
Enquanto isso, nas ruas da capital, Bujumbura, dezenas de milhares de pessoas, incluindo muitos militares, estão a celebrar o aparente golpe de estado.
No entanto, forças leais ao presidente cercaram as instalações de radiodifusão nacional e desconhece-se para já se o general Niyombare tem o apoio das outras chefias militares do Burundi.
Quanto a Nkurunziza, afirmou através de uma mensagem no Twitter que a tentativa de golpe de estado tinha falhado.
A França pediu entretanto a realização de consultas de emergência no Conselho de Segurança da ONU sobre a situação no Burundi e o presidente da Comunidade dos Países da África Oriental, Jakaya Kikwete condenou o golpe no Burundi e apelou ao regresso à ordem constitucional.
Até agora os confrontos entre manifestantes e as forças leais ao presidente já fizeram pelo menos 14 mortos e mais de 200 feridos. Segundo as Nações Unidas mais de 40 mil burundianos já deixaram o país para escaparem à violência na sua maior parte com destino ao vizinho Ruanda.
O Burundi encontra-se mergulhado numa vaga de violência desde 26 de Abril quando o presidente Nkurunziza anunciou que ia candidatar-se a um terceiro mandato.
A oposição diz que o plano do presidente viola a constituição que prevê apenas dois mandatos. Contudo o tribunal constitucional concluiu que o primeiro mandato de Nkurunziza não conta porque foi escolhido pelo Parlamento e não directamente pelo voto popular.
Os tumultos são os piores no Burundi desde o termo da guerra civil em 2005 e a União Africana secundou os apelos dos Estados Unidos para que o presidente abandone o seu plano de candidatura nas eleições de Junho.