Burundi: Ala juvenil do partido no poder viola direitos humanos

Manifestante, Burundi, 2015

Activistas alertam que o comportamento poderá provocar um conflito grave.

O Escritório dos Direitos Humanos das Nações Unidas alerta que a alastrada violência e a violação dos direitos humanos podem colocar o Burundi em risco de uma guerra civil.

Your browser doesn’t support HTML5

Burundi: Ala juvenil do partido no poder viola direitos humanos - 1:32

A organização baseada em Genebra, na Suíça, documentou detenções arbitrárias e assassinato de figuras da oposição e activistas levados a cabo pelos serviços de inteligência.

Na fronteira entre o Burundi e Ruanda, alguns refugiados acusam as milícias do partido no poder de arbitrariedades. Interceptam, interrogam e colocam nas celas.

Félix (apelido omitido a seu pedido) e seus amigos a medidas não especificadas caso não se juntassem ao movimennto juvenil do partido, o imbonerakure. Para evitar represálias, Félix decidiu sai do país e foi detido.

Fomos detidos e perguntaram o que íamos fazer em Ruanda. Respondi que ia visitar alguém. Não podia dizer que estava a sair do país, por ter medo de represálias. Tentamos oferecer algum dinheiro para sermos libertos, mas recusaram,” conta Félix.

Por mais de três semanas, Félix e outras 28 pessoas ficaram nas celas sem qualquer julgamento.

Organizações dos direitos humanos acusam as forças de segurança do Burundi e as milícias Imbonerakure de constantemente atacarem e intimidar a população, como aconteceu no processo das recentes eleições.

Noel Ntirandekura, activista dos direitos humanos, confirma que as milícias fazem o papel da polícia. “As pessoas são detidas na fronteira. Há barreiras junto à fronteira contraladas pelo Imbonerakure”.

Bucumi Vital, secretário executivo da Imbonerakure admite ter mandado parar pessoas para investigação, mas não aceite ter metido ninguém nas celas.

Diz ele que como membro do partido no poder é preciso saber a razão que leva as pessoas a saírem do país em tempo de paz, dai a razão dos interrogatórios.

“Não é bom ver as pessoas a abandonarem o país,” argumenta.

Mas as organizações dos direitos humanos condenam essas atitudes e alertam sobre o potencial risco de provocarem um conflito grave no país, que vive uma instabilidade politica.