Pelos três oficiais de alta patente das Forças Armadas angolanas, cujos nomes não foram revelados, integram a lista de cidadãos nacionais e estrangeiros sob suspeita de envolvimento numa rede de burlões ligada a uma suposta empresa tailandesa destinada a projectos no país avaliados em 50 mil milhões de dólares.
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O processo crime já tramitou da Polícia Criminal para a Procuradoria-Geral da República, revelou o superintendente-chefe, Tomás Agostinho, oficial do Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Agostinho disse que, na sequência das investigações, já foram detidos quatro cidadãos da Tailândia, um do Canadá, um da Eritreia e dois angolanos.
Os quatro cidadãos tailandeses tinham anunciado publicamente, em 2017, em Luanda, um financiamento de 50 mil milhões de dólares para apoiar projectos.
Na altura, o actual porta-voz do MPLA , Norberto Garcia, chegou a assinar um memorando de intenções com o grupo, na qualidade de director da Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP) de Angola.
O oficial da SIC disse que a descoberta desta tentativa de defraudação do Estado angolano foi possível na medida em que os quatro cidadãos tailandeses, intitulando-se proprietários de uma empresa domiciliada nas Filipinas, manifestaram perante as autoridades angolanas a intenção de investir no país.
Os mesmos alegaram ter acesso a uma linha de financiamento disponível num banco das Filipinas, através da qual pretendiam desenvolver projectos no valor de 50 mil milhões de dólares.
A investigação criminal confirma a existência de uma empresa nacional vítima dessa burla, que celebrou um contrato de intenções para um projecto no domínio da actividade comercial, tendo pago metade dos 50 milhões de kwanzas solicitados para a parceria.
De acordo com Tomás Agostinho, existem neste momento arroladas ao processo cerca de 53 propostas de investimentos, mas ainda os seus promotores não foram contactos, para se aferir se terão igualmente sido vítimas do mesmo tipo de burla.
No momento da detenção dos cidadãos tailandeses, que se encontravam hospedados numa unidade hoteleira em Luanda, foi igualmente apreendido um cheque de um banco da China, domiciliado em Hong Kong, no valor de 99 mil milhões de dólares.
A escolha de Angola
A escolha de Angola, refere o SIC, terá ocorrido porque houve uma convite à parte tailandesa com algum percurso e representação desta empresa angolana, naquela região da Ásia.
Para sustentar a farsa, os burlões apresentaram-se às autoridades angolanas como proprietários de uma empresa denominada Centennial Energy Company Limited, com sede naquele país que já fez investimentos semelhantes no Vietname, Camboja, Myanmar.
A dita empresa foi representada por Raveeroj Rithchoteanan, que se apresentou como presidente do Conselho de Administração para dar a conhecer as condições de acesso ao referido fundo, numacto que acolheu dezenas de empresários angolanos.
Por estarem envolvidos no processo pelo menos três oficiais de alta patente das Forças Armadas Angolanas (FAA), que gozam de um fórum especial, esclareceu o responsável do SIC, o mesmo transitou para a Direção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) da Procuradoria-Geral da República.