Líderes de credos diferentes alertam para o risco de aumento da intolerância religiosa, sobretudo contra as crenças de matrizes africanas. O país, citado de forma recorrente como nação onde a convivência entre as religiões é harmoniosa, também tem sido palco do problema que tem chamado à atenção do mundo.
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Um encontro de líderes religiosos discutiu a liberdade de expressão e de credo no Brasil, ontem, 21, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, marcado no país por manifestações de representantes de diversos credos em defesa da paz e do respeito.
O evento foi realizado na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, resultado de uma parceria da entidade com a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (Ccir) e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap).
O director cultural da ABI, Jesus Chediak lembrou que os dois temas discutidos no encontro precisam andar juntos. “Ela são absolutamente complementares, porque não pode haver liberdade de expressão se não houver liberdade religiosa e vice-versa”, afirmou Chidiak.
Ivanir dos Santos, do Movimento de Combate à Intolerância Religiosa de matriz africana também defende a importância da discussão desses temas em conjunto hoje no Brasil “Esse é o momento que não é uma coisa contra a outra: a liberdade religiosa contra a liberdade de expressão. Pelo contrário, é todos os segmentos da sociedade, desse segmento, tendo responsabilidade de construir uma frente na luta contra a intolerância religiosa”, explica Santos.
Para o director da União Nacional das Entidades Islâmicas, xeque Mohamad Al Bukai, muçulmano sunita, justamente pelo facto de muitas religiões conseguirem conviver no Brasil que todo tipo de violência, inclusive a psicológica, relacionada com as religiões tem que ser duramente condenada.
Para isso, é preciso conseguir a união das lideranças religiosas, passo que começou a ser dado no Brasil com esse encontro, como lembrou Xeique Jalloul, da Comunidade Islâmica Xiita de São Paulo: “É um acto muito importante, não só para mim ou para o Islamismo, mas para todas as religiões. É o primeiro passo é a união dos líderes”.
Para Paulo Maltz, presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, um dos primeiros desafios dessa união de líderes religiosos é estimular no país uma discussão fundamental. “O país está a necessitar de uma lei ou pelo menos de uma regra que defina o que é intolerância religiosa e que puna aqueles que a pratiquem”, concluiu Maltz.