Brasileiros e francês condenados por tráfico internacional de drogas em Cabo Verde em liberdade

Tribunal anulou primeiro julgamento

Os três brasileiros e o francês condenados em Março de 2018 a 10 anos de prisão pelo Tribunal de São Vicente, em Cabo Verde, por tráfico internacional de droga na Operação Zorro, foram colocados em liberdade nesta quinta-feira, 7.

Daniel Guerra, Rodrigo Dantas, Daniel Dantes e o francês Olivier Thomas vão aguardar um novo julgamento em liberdade, depois de o Tribunal de Relação ter anulado a sentença na primeira instância em virtude de o juiz Antero Tavares se ter recusado a ouvir algumas testemunhas, incluindo do Brasil, consideradas importantes para a defesa.

Tavares não irá dirigir o novo julgamento.

O portal Mindelenseinsite.cv escreve que os arguidos vão agora aguardar a marcação do julgamento sob Termo de Identidade e Residência, até o novo julgamento, e sem interdição de viajar, ao contrário do que pediu o Ministério Público.

TIR e liberdade para viajar

O portal G1 da Globo afirma que a confirmação foi dada a Daniel Dantas e a irmã Barbara pelo próprio juiz António Tavares.

“Nos chamou para conversar pessoalmente, cada um, e nos informou que, se houvesse uma necessidade de saída do país, de qualquer um de nós, era só comunicar ao Tribunal e, qualquer necessidade que houvesse, eles nos comunicariam, onde a gente estivesse”, revelou Daniel Dantas.

O advogado dos brasileiros, Paulo Oliveira, citado pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre, afirmou que “a decisão foi com base em um direito humano que é a presunção de inocência e não condicionou que eles permaneçam em Cabo Verde”.

Os brasileiros foram recebidos na porta da cadeia pública São Vicente pelas suas famílias, que nos últimos meses estão a morar em Cabo Verde para acompanhar de perto o desenrolar do processo.

Daniel Guerra, Rodrigo Dantas, Daniel Dantes e Olivier Thomas saíram em viagem em Julho de 2017, atendendo ao recrutamento de uma companhia de entregas internacionais para conduzir uma embarcação de Salvador até Portugal.

No casco, porém, estava escondida uma tonelada de cocaína, que foi descoberta quando o barco teve que atracar em Cabo Verde.

Os tripulantes brasileiros, assim como o comandante da embarcação, o francês Olivier Thomas, afirmam que desconheciam a existência da droga.

O dono do veleiro, o inglês George Edward Saul, contratou-os para o serviço, desistiu da viagem na última hora e foi de avião até Portugal.

Ele, que foi apontado pela Polícia Federal brasileiro como "a 'ponta' europeia do grupo, não é investigado no processo que corre em Cabo Verde.