No Rio de Janeiro uma pequena comunidade ao lado do Parque Olímpico resistiu às demolições para a construção do parque olímpico e os moradores estão a recuperar as casas destruídas.
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É a Vila Autódromo, símbolo de resistência às tentativas de demolição por causa dos grandes eventos recebidos pela cidade. Ao lado do imponente complexo do Parque Olímpico do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, resta uma comunidade de apenas 20 famílias. É a Vila Autódromo, símbolo de resistência às tentativas de demolição por causa dos grandes eventos recebidos pela cidade, em especial as Olimpíadas, e pela especulação imobiliária.
Por décadas, 583 famílias viveram nesse local. Mas, em 2014, após o Panamericano, com a chegada da Copa do Mundo e a proximidade das Olimpíadas, a Prefeitura do Rio de Janeiro intensificou as demolições na favela e subitamente as pessoas foram perdendo suas casas, sem negociação ou qualquer criação de alternativas.
As demolições foram acompanhadas por violência policial contra os moradores e chegaram a ocupar os noticiários do Brasil e do mundo. A maior parte das famílias ou recebeu indenização da Prefeitura ou ganhou casas em regiões muito mais afastadas da cidade.
Mas o pequeno grupo que resistiu conseguiu recuperar, na semana passada, as casas que lhes foram tomadas. E no lugar em que eles sempre viveram: a Vila Autódromo. Mesmo com reparos a serem feitos, os imóveis foram entregues às famílias, que passaram a última semana fazendo mudança.
Para quem recebeu os imóveis, o sentimento é de vitória, especialmente depois de tanta luta para manter a comunidade em pé. Para o inspetor Sidney Peixoto, de 35 anos, que mora na Vila, a mobilização popular foi fundamental para que a comunidade continuasse a existir.
Dona Maria da Penha Macena, de 51 anos, moradora da Vila há 23 anos, foi um dos grandes símbolos da resistência na comunidade. A casa dela foi demolida no dia 8 de março de 2014, Dia da Mulher, data em que ela recebia uma homenagem na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Quase um ano depois, dona Penha ficou ferida após a ação truculenta da guarda civil municipal quando ela e outros membros da comunidade tentavam ajudar uma outra família com crianças e idosos que estava tendo a casa destruída.
Para dona Penha, a devolução das casas mostra que o diálogo e a união são o caminho certo para lutar pelos direitos.
Além da entrega das casas, a comunidade ainda vai receber duas escolas e área de lazer, erguidas com a estrutura reaproveitada da Arena do Futuro, que durante os Jogos Olímpicos receberá as competições de Handebol. A prefeitura não informou uma data para a conclusão da etapa final das obras.
Rio de Janeiro / VOA
Bárbara Ferreira Santos