Brasil recusou fornecer dados sobre actividades da Odebrecht em Moçambique

PGR de Moçambique revelou que Ministério Público do Brasil alegou um acordo de sigilio com a construtora

O Ministério Público Federal do Brasil recusou fornecer informações à Procuradora-Geral da República de Moçambique (PGR) sobre o pagamento de subornos a altos funcionários moçambicanos pela construtora brasileira Odebrecht.

"Acionámos mecanismos de cooperação judiciária com o Brasil e o Ministério Público Federal deu-nos conta da impossibilidade de dar informações devido ao acordo de confidencialidade com a Odebrecht", revelou a PGR moçambicana Beatriz Buchili quando respondia a perguntas dos deputados nesta quinta-feira, 20, na Assembleia da República.

As autoridades brasileiras justificaram a sua decisão com um acordo de sigilo com a Odebrecht em vigor até o mês de Junho.

No ano passado um juiz americano condenou a empresa brasileira a pagar uma multa de 2.6 milhões de dólares devido à prática de corrupção em 12 países, entre eles Angola e Moçambique.

Desta a semana passada, o Brasil tem sido “sacudido” pelas declarações de 77 antigos directores da Odebrecht que têm revelado os diversos esquemas de corrupção, em particular a operação Lava Jato.

Na quarta-feira, 19, no relatório anual apresentado ao Parlamento Europeu, a procuradora-geral de Moçambique, Beatrix Buchilli, revelou que três pessoas, cujos nomes não revelou, foram indiciadas no âmbito de um processo de corrupção na compra de dois aviões da brasileira Embraer pelas Linhas Aéreas de Moçambique.

Uma investigação nos Estados Unidos revelou que a Embraer pagou 800 mil dólares a dois moçambicanos para garantir a venda dos dois aparelhos entre 2008 e 2010.