O Governo brasileiro apresentou um novo tratamento no sistema público de saúde para os pacientes que contraíram o vírus HIV/Sida.
O Ministério da Saúde garante que o antirretroviral Dolutegravir é o mais indicado para o tratamento de HIV/Aids pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é mais eficiente e causa menos reacções nos pacientes.
Cerca de 100 mil brasileiros vão contar com esse novo remédio a partir de Janeiro do ano que vem.
“É um medicamento de ponta, ele dá poucos efeito colaterais e, principalmente, é um medicamento que provavelmente terá uma durabilidade maior de uso dentro do Ministério da Saúde por também não dar tanta resistência como as outras drogas já vem apresentando”, afirmou a directora do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, em entrevista ao programa radiofónico ‘A Voz do Brasil’.
Esse novo medicamento também tem um custo menor para o Governo.
O Ministério da Saúde estima uma economia de 70% na produção.
O ministro Ricardo Barros ressalta que não foi preciso retirar recursos no orçamento para a compra de remédios antirretrovirais.
“Estamos com o menor preço do mundo, estamos utilizando a nossa vanguarda e a nossa capacidade de negociação para dar aos brasileiros mais serviços com os recursos que dispomos”, assegurou Barros.
Em 2015, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida reconheceu o Brasil como referência mundial no controlo da doença.
Organizações não-governamentais que trabalham com pacientes com Sida comemoram essa iniciativa, pois era uma demanda antiga.
Um defensor dessa causa, Cristiano Ramos, que contraiu o vírus HIV em 1988, vê esse novo medicamento como uma conquista para aqueles que necessitam do tratamento.
“Isso é uma conquista da sociedade civil organizada, das pessoas vivendo com HIV/Sida que actuam na luta contra a Sida e do Governo brasileiro”, ressaltou.
A doença
Desde o começo da epidemia, o Brasil registou 798.366 casos de Sida, acumulados no período de 1980 a junho de 2015.
No período de 2010 a 2014, foramm notificados mais 40,6 mil casos novos por ano, em média.
Em relação à mortalidade, houve uma queda da taxa de 10,9% nos últimos anos, passando de 6,4 por 100 mil habitantes em 2003 para 5,7 em 2014.
Actualmente no Brasil, 483 mil pessoas são portadoras do vírus HIV.
O medicamento
O novo medicamento apresenta um nível muito baixo de eventos adversos, o que é importante para os pacientes que devem tomar o medicamento todos os dias, para o resto da vida.
Com menos efeitos colaterais, os pacientes terão melhor adesão e maior sucesso no tratamento.
O director do Departamento de HIV, da Organização Mundial de Saúde (OMS), Gottifried Hirnschael, numa mensagem em vídeo, destacou que desde os primeiros dias da epidemia global de HIV, o Brasil foi pioneiro ao introduzir as mais inovadoras intervenções, com criatividade e eficiência.
"O Brasil também esteve entre os primeiros países, no fim de 2013, a introduzir a política de ‘tratar todos’ e oferecer tratamento a todas as pessoas HIV positivas o mais cedo possível”, disse Gottifried Hirnschael.