Mais de 60 mil venezuelanos já cruzaram a fronteira brasileira, desde o
agravamento da crise política e econômica na Venezuela. A entrada no país é pelo estado de Roraima, que está lotado de refugiados e virou um barril de
pólvora, com tensão entre brasileiros e venezuelanos.
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Por causa do clima tenso, muitos destes refugiados estão buscando uma nova cidade e um outro estado para morar dentro do Brasil. Muitos preferem seguir viagem rumo às capitais das regiões sul e sudeste do Brasil, mais
desenvolvidas economicamente se comparadas com as demais.
Nos últimos meses, mais de 300 venezuelanos chegaram em São Paulo, em
busca de trabalho e melhores condições de vida. A maioria já conseguiu
emprego e moradia. Uma nova leva deve chegar nesta terça-feira (28), saindo de Roraima.
Exército reforça a segurança na fronteira entre o Brasil e a Venezuela
No ultimo fim de semana, o Presidente Michel Temer negou qualquer
possibilidade do Brasil fechar a fronteira com a Venezuela para conter a
entrada dos imigrantes. A VOA conversou com alguns migrantes. O agricultor Carlos Andrés Rodrigues diz o que busca no Brasil.
“Trabalho e paz”, disse.
Grande parte dos refugiados em São Paulo vai para a “Missão Paz” no bairro da Liberdade, coordenada pelo padre Paolo Parise, da Paróquia Nossa Senhora da Paz. O religioso diz que os brasileiros sabem acolher e conta que os venezuelanos que chegaram há mais tempo já estão trabalhando. Eles diz como a missão atua em assistência aos refugiados.
“A Missão Paz é um centro integrado que acolhe imigrantes e refugiados,
aproximadamente cinco a dez por dia. Oferecemos alimentação, alojamento e também muitos outros serviços como aulas de português, atendimentos médico e psicológico, assessoria para providenciar documentações e níveis jurídicos, encaminhamos para cursos profissionalizantes e também criamos mecanismos de contratação com as empresas”, ressaltou.
Muitos venezuelanos são ajudados por seus conterrâneos nessa transição de vida. Caso do comerciante Diego Borges, que veio para o Brasil há mais
tempo. Ele comenta que os brasileiros sempre foram receptivos e espera que continue assim.
“O Brasil é muito acolhedor e tem um coração muito grande. Penso que meus irmãos venezuelanos passam por um momento muito grave, são tratados como animais. Creio que todos têm que colaborar e ajudá-los”.
A Cientista Política Deise Caciollo destaca que há décadas os brasileiros têm recebido e acolhido refugiados, vítimas de guerra, da fome, da perseguição e que esse momento de crise na Venezuela com hostilidades entre brasileiros e venezuelanos na fronteira é um momento necessário para se praticar a empatia. Saber se colocar no lugar do outro.
“Eles já chegam no Brasil sem os seus vínculos culturais mais básicos. Não
falam nosso idioma, não compartilham da nossa cultura e não podem voltar
para o seu local de origem. Piorando a situação, não participam de nenhuma
decisão que os afetam e são privados do uso dos seus próprios mecanismos
tão importantes para ajudá-los a restabelecer sua dignidade, autoestima e
identidade pessoal. Neste contexto, não existe o eu e o você diante da dor dos outros. Não existe, diferenças suficientemente grandes para se por isso em dúvida. Há uma grande tensão vivida e nesse momento há um outro
desqualificado de toda a sua carga cultural r que precisa ser olhado”, avaliou.
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