Um grupo de nigerianos e tanzanianos está a ser investigado por tráfico de heroína no Brasil.
A polícia de São Paulo diz que os traficantes abastecem-se de drogas na África Ocidental e depois comercializam-nas na capital paulista, a maior cidade brasileira.
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As investigações da polícia apontam que as drogas são vendidas numa região na área central da cidade conhecida como Cracolândia, que é, há anos, reduto de usuários de crack e de comercialização de entorpecentes.
A maior parte dos dependentes químicos que circula naquela área é composta por moradores de rua, que vivem nas vias próximas à região.
A substância que eles mais consomem é o crack, que é uma droga potente e de baixo custo.
No entanto, a heroína trazida por traficantes da Nigéria e da Tanzânia é vendida por 50 reais, o que equivale a aproximadamente 16 dólares americanos, valor cinco vezes mais caro que a pedra de crack.
Com tão alto preço, os principais usuários da heroína trazida pelos traficantes não são o público comum da Cracolândia, mas outros nigerianos e tanzanianos que vivem no centro da cidade.
Em entrevista à VOA por telefone, o delegado de polícia Ruy Ferraz Fontes, director do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico da Polícia Civil de São Paulo (Denarc), explicou que os traficantes escondem as drogas em prédios da região e vão aos pontos de venda com pequenas quantidades, o que dificulta as investigações.
Heroína para pagar cocaína
Fontes afirma que o grupo passou a agir no Brasil no fim do ano passado.
Já em Março deste ano, uma operação policial apreendeu quantidades de heroína que estavam sendo vendidas em um apartamento na região central da cidade.
Dois homens foram presos e um outro foi identificado e depois libertado.
Para Fontes, uma das possibilidades levantadas pela polícia é a de que os traficantes recebem a heroína como parte do pagamento de carregamentos de cocaína que seriam levados para o continente africano.
Os pontos de venda de drogas na Cracolândia são dominados por facções criminosas que actuam em São Paulo.
A Polícia Civil acredita que, para ter autorização para vender naquele local, os traficantes envolvidos no esquema teriam feito acordos com os criminosos brasileiros.
O director do Denarc acredita ainda que o tráfico de heroína possa se espalhar para outros pontos de São Paulo, em áreas onde há consumidores com melhores condições financeiras que na Cracolândia.
Ruy Ferraz Fontes afirma que a polícia continua as investigações para entender como essas drogas entram no país e quem são as pessoas envolvidas nesses crimes.