A declaração do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que culpou Organizações Não Governamentais pelo aumento dos incêndios na Amazónia este ano, causou espanto e indignação entre as organizações e também entre parlamentares.
“Bolsonaro está a projectar nos outros o que ele faria. Talvez ele seja uma pessoa capaz de um gesto de vingança dessa forma. É uma declaração doente e doente a gente não considera, a gente trata”, disse o coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini.
“Se fosse um grileiro de terra falando isso eu acharia lamentável. Como é o presidente da República dando uma declaração dessas, eu fico sem palavras para dizer, é uma coisa inaceitável”, completou.
Carlos Rittl, coordenador-executivo do Observatório do Clima, lembra que Bolsonaro foi eleito com uma agenda que classifica de “antiambiental”.
“E implementa agora uma agenda de ataque ao meio ambiente, com redução da fiscalização e tolerância jamais vista com quem desmata e queima florestas. A responsabilidade pela explosão do desmatamento e incêndios florestais, assim como pela destruição da imagem e reputação do país no exterior, é exclusivamente sua, de seu ministro de Meio Ambiente e de seu governo como um todo”, afirmou.
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Na manhã de quarta-feira, 21 de Agosto, o Presidente afirmou que ONGs podem estar por trás do aumento das queimadas por terem perdido recursos e estarem a tentar atingi-lo. Bolsonaro admitiu, no entanto, que não tem provas dessas afirmações.
“O crime existe. Isso temos que fazer o possível para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil”, afirmou o Presidente.
Veja Também Alemanha corta 35 milhões de euros de financiamento de protecção à floresta amazónicaDiego Casaes, do Instituto Avaaz, acusou o presidente de tentar distrair a sociedade da crise de desmatamento ilegal na Amazónia.
“Não podemos nos distrair enquanto o coração do Brasil está queimando. Por sorte vemos agora os próprios eleitores de Bolsonaro extremamente preocupados sobre a Amazónia. O Presidente precisa parar de espalhar falsas acusações e começar a proteger a Amazónia”.
A floresta da Amazónia está a arder há mais de 15 dias.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) número de incêndios no Brasil aumentou 84% este ano, comparando com período homólogo de 2018. O INPE também registou 74 mil focos de incêndio entre Janeiro e Agosto deste ano - o número mais alto até ao momento, desde que começaram a ser registados os fogos em 2013.
Com Reuters