Bloguista saudita conquista Prémio Sakharov dos Direitos Humanos

Raif Badawi (foto: dok).

O Parlamento Europeu atribuiu o seu Prémio anual Sakharov dos Direitos humanos ao bloguista saudita Raif Badawi, condenado a dez anos de prisão e 100 chicotadas, por ter insultado clérigos muçulmanos.

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, que anunciou o prémio, hoje, disse que a sentença de Badawi “é uma espécie de tortura” e “uma das penas mais cruéis” da Arábia Saudita.

Schulz disse ter pedido ao Rei da Arábia Saudita para perdoar Badawi e conceder-lhe liberdade a fim de viajar a Estrasburgo, em Dezembro, para receber o prémio.

Raif Badawi foi detido em 2012 após criar uma página na internet que serviu como um veículo para debate político e religioso.

Ele foi condenado por insultar o Islão e a sua sentença foi confirmada pelo Tribunal Supremo da Arábia Saudita em 2015. Badawi deverá ainda pagar uma multa de 266 mil dólares americanos.

Consta que o estado de saúde de Badawi é deplorável. Após as primeiras 50 chicotadas, em Janeiro deste ano, a outra metade foi suspensa por não se encontrar saudável.

Em Fevereiro, a União Europeia aprovou uma resolução apelando a libertação de Badawi.

Ensaf Haidar, esposa de Raif Badawi, no Canadá

​A esposa de Badawi e o filho mudaram para o Canadá, após ameaças de morte.

O Prémio Sakharov, inspirado no dissidente russo Andrei Sakharov, é atribuído pelo Parlamento Europeu a indivíduos e organizações que defendem os direitos humanos e liberdades fundamentais.

Eram também finalistas deste ano o movimento da oposição “Mesa de la Unidad Democratica”, da Venezuela, e Boris Nemtsov, líder da oposição russa, assassinado, em Moscovo, em Fevereiro deste ano.