Analistas guineenses consideram que a visita do presidente da França, Emmanuel Macron, ao país faz parte da sua estratégia visando a ampliação e consolidação da sua zona de influência em África.
Macron, que chega a Bissau nesta quarta-feira (27), vai reunir amanhã, com o estadista guineense Umaro Sissoco Embalo, no Palácio da Presidência.
Estão também previstos encontros com ministros guineenses dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa; da Defesa, Marciano Barbeiro; e das Finanças, Ilídio Vieira Té.
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Esta é a primeira visita a Bissau de um estadista francês. Neste períplo africano, Macron esteve nos Camarões e o Benim.
Para o historiador e antropólogo João Paulo Pinto Có, a visita do Presidente da França, particularmente, à Guiné-Bissau, não deve ser encarada apenas na perspectiva dos actuais interesses geoestratégicos, mas com alguma carga do passado.
“As relações entre a Guiné-Bissau e a França estiveram abaladas principalmente durante o conflito militar que assolou a Guiné-Bissau em 1998, com a participação de mercenários franceses, vistos, fotografados e filmados na Guiné-Bissau”, recorda Có, igualmente investigador sénior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa.
Relações bilaterais
Có diz que “foi uma presença que não teve a bênção do parlamento guineense na altura”, daí que “a presença do Macron vem evidentemente tentar dissipar esse clima de mal-estar e tentar reatar também as relações bilaterais em vários domínios”.
Na mesma linha, Fernando da Fonseca, especialista em relações internacionais, diz que essa busca pela ampliação da zona de influência é causada pela redefinição da nova ordem mundial em curso, em que a Europa e os Estados Unidos, perceberam a ascensão chinesa no continente africano, em parceria com a Rússia”.
“A Guiné-Bissau pode ganhar algo com a vista do presidente da França (…) o país pode solicitar uma condição privilegiada, no âmbito das relações comerciais com a França e também reforçar a cooperação no âmbito do desenvolvimento”, diz Fernando da Fonseca.