Guiné-Bissau assinala primeiro aniversário do golpe de Estado ainda na incerteza

Há desentendimentos entre o governo os partidos políticos e o resto da sociedade cívil sobre o prazo para as eleições do futuro parlamento e presidente da república
A Guiné-Bissau assinala hoje o primeiro aniversário do golpe de Estado que depôs o anterior governo do então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o presidente interino Raimundo Pereira.

Um ano após esse que foi um dos mais contestados golpes de Estado na recente história da democracia naquele país o país enfrenta uma das mais expressivas crises sociais e económicos na sua história.

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Reportagem de Lássana Cassamá


O acto ocorreu em pleno período eleitoral, quando o país se preparava para a segunda-volta das presidenciais entre Carlos Gomes Júnior e Kumba Yala. Yala que enfileirava as vozes que contestaram resultados eleitorais da primeira-volta do escrutínio.

A situação estava aferrada e os militares não perderam tempo. Sob pretexto da presença da Missão Angolana de Apoio a Reforma no sector da Defesa e Segurança, o Estado-maior General das Forças Armadas, lançou uma operação que culminou na detenção do Chefe de Estado interino, Raimundo Pereira e o Primeiro-ministro, então candidato a segunda volta das presidenciais, Carlos Gomes Júnior.

Na hora de análises ou de balanços, a Voz de América foi buscar vozes que representam a sociedade civil na Guiné-Bissau. Mamadu Queita, vice-Presidente e Porta-voz do Movimento Nacional da Sociedade Civil, não hesitou em dar nota negativa ao processo em curso.

Os guineenses queixam-se da fragilidade do tecido económico e social do país, enquanto que no plano político, o debate assenta ainda na conveniência ou não da realização, este ano, de eleições gerais, conforme a exigência e o desejo da comunidade internacional e alguns dos mais importantes actores políticos guineenses.

Mas, tem havido também resistência por parte de sectores do actual governo que defendem a concretização do pleito eleitoral no período mínimo de dois anos. E é perante esta encruzilhada de interesses que o cidadão comum é obrigado a enfrentar uma crise social sem precedente.