Os representantes da Igreja Católica em Angola e São Tomé e Príncipe manifestam-se contra as demolições, os desalojamentos forçados e a expropriação de terras dos camponeses em Angola, no final de mais uma conferência anual concluída nesta quarta-feira, 19, em Luanda.
Aqueles responsáveis eclesiásticos consideram como sendo desumano o modo como estão a ser feitas as demolições “deixando famílias inteiras à mercê da miséria e do sofrimento, bem como a manutenção, por tempo indeterminado, de famílias diferentes numa mesma casa”.
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A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) manifesta-se igualmente preocupada com a ocupação de extensões de terras, uma atitude que considera passível de criar conflitos.
“A ocupação prepotente de grandes extensões de terras para fins agro-industriais inconfessos e gananciosos com total desrespeito para com as comunidades aí residente que, impotentes, assistem à destruição das suas zonas de transumância, de agricultura familiar e até dos seus cemitérios gerando não poucos conflitos”, alertam os responsáveis da Igreja Católica, que dizem ter constatado com preocupação que económica e financeira continua a afectar o poder compra das famílias e a agravar ainda mais a pobreza, o desemprego e algum desespero entre a população.
Os bispos manifestam-se igualmente contra a desflorestação simultânea e generalizada em todo o país com o abate industrial de árvores e outras práticas hostis à biodiversidade, tais como os derrames de petróleo, as queimadas e a produção desenfreada de carvão e a caça indiscriminada.
Outra preocupação revelada hoje no final da conferência vai para a falta de medicamentos nos hospitais públicos e o consequente aumento da taxa de mortalidade, sobretudo infantil, e o recurso à prática de feitiçaria
Os bispos afirmam também que “o desemprego galopante entre os jovens está a provocar o desespero, incertezas e o aumento da criminalidade e assaltos violentos em todo o país”.
No campo religioso, a CEAST chama a atenção do Governo para a intolerância política e religiosa e o aumento de seitas religiosas e manifesta-se perplexos com a“facilidade com que algumas religiões são reconhecidas, incluindo não-cristãs.
Os bispos encorajam o Governo a adoptar políticas que incentivem o diálogo permanente com os cidadãos, a cultura da legalidade, o respeito pela dignidade da pessoa humana e a satisfação paulatina das necessidades mais urgentes da população.
Numa nota final, os bispos católicos renovam o seu apelo à população para aderir ao registo eleitoral em curso.