O investimento de 65 milhões de dólares em três companhias de pesca na localidade da Caota, na província angolana de Benguela, está a gerar alguma controvérsia.
Se é verdade que as empresas trazem empregos há preocupação sobre a a preservação de espécies e também sobre a necessidade de se ter uma industria mais virada para o consumo interno. A falta de mios para se poder competir com as empresas chinesas é outro problema levantado por pescadores locais.
As três pescarias que entraram em funcionamentopodem capturar e processar 500 toneladas por dia, uma cifra a duplicar nos próximos tempos.
Antes da inauguração de companhias detentoras de embarcações industriais, vários agentes da pesca semi-industrial sugeriam uma ampla reflexão e salientavam que o mercado das exportações podia aguardar
‘’Nós não temos condições, neste momento, para grandes exportações, temos sérios problemas de consumo a nível interno. Temos de avaliar, aliás, se vale a pena termos a pescar, no Tombwa, uma embarcação de 800 ou seiscentas toneladas e dez de pequeno porte. “, disseram armadores.
Agora, num grito pela sobrevivência dos nacionais, o empresário Adérito Areias afirma que o investimento estrangeiro é bem-vindo, desde que a legislação da pesca não seja atropelada, mas adverte que deve haver equilíbrio numa competição que se quer saudável.
Areias, que falava à Rádio Ecclésia, tem o apoio do presidente da Associação de Pescas de Benguela, Arnaldo Vasconcelos, disse não ter “contra este investimento, seja chinês ou sul-africano, até porque precisamos dele”.
“O problema é que nós, a parte angolana, precisamos de ter a mesma capacidade. Os bancos já não fornecem dinheiro barato’’, sustenta Areias, apoiado por outro armador, líder associativo, que fala em ‘’investimentos para o aumento da produção e inserção de desempregados na economia’’.
Em declarações à imprensa no final da apresentação de um projecto que prevê a substituição das importações e o incremento das exportações, com medidas para facilitar o acesso ao crédito, a ministra das Pescas e do Mar, Victória de Barros Neto, preferiu destacar a uniformização da fiscalização marítima.
‘’Não são apenas os industriais (arrastões) a prevaricar”, disse.
O que temos de fazer é reforçar a fiscalização, juntando aos nossos serviços outras forças vivas, assim como uniformizar este serviço’’, acrescentou.