O Governo Provincial de Benguela está a desalojar 135 famílias que residem numa área reservada a uma lota, centro de venda do peixe recém-capturado, na vila da Baía Farta.
O centro, um investimento privado avaliado em 14 milhões de dólares, vai implicar a transferência de quase mil pessoas.
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Grande parte das famílias em apuros vive no chamado bairro da ‘‘Maboque’’, onde se encontrava uma fábrica de conversas, há mais de trinta anos.
Os moradores terão de abandonar as suas casas a troco de terrenos, em zonas montanhosas, sendo obrigados a adquirir material de construção.
Até estarem reunidas as condições, conforme os depoimentos recolhidos pela VOA, advinha-se um cenário de falta de água, energia e outros serviços sociais básicos.
‘’Vamos lá para as montanhas, em terrenos não planos, sem água e sem luz. Podemos sair, mas esperamos apoios do Governo para a construção das nossas casas’’, diz, sob anonimato, um morador, que reclama chapas, blocos, cimento e areia.
À espera de reforma, um funcionário da fábrica reforça a ideia de que as pessoas não têm condições para construir, mas as demolições para a infra-estrutura pesqueira parecem irreversíveis
‘’Estou à espera da minha reforma, por isso não consigo construir. Vivo neste bairro desde 1972, não percebo esta situação, é muita gente na rua’’, reforça.
A partir da capital do país, numa declaração feita à Rádio Benguela, a administradora municipal da Baía Farta, Maria João, apelou à calma.
‘’Não há razões para alarme, até porque estamos a trabalhar com uma comissão que vai tratar de arranjar espaços. Só depois, quando estiverem reunidas as condições, é que eles terão de sair do bairro,’’ disse.
A verdade é que na quinta-feira,17, as famílias começaram a deixar o bairro ‘’Maboque’’, local eleito para a extensão de uma lota que ocupará três hectares.