Em Benguela, várias famílias vítimas das enxurradas estão a abandonar o centro do Camuringue e a instalar-se na urbanização dos Cabrais, suportando o frio, falta de água e de electricidade.
É uma forma de protesto ao anúncio do desmantelamento das tendas que serviram de abrigo desde Março.
O encerramento do centro de concentração, onde se encontravam trezentas famílias, foi anunciado debaixo de críticas de quem não tem condições para erguer uma habitação condigna.
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Quase três semanas após a declaração do governador Isaac dos Anjos, não se verifica um único adobe nas bases entregues aos sinistrados.
Pior do que isto, há um cenário desolador nos Cabrais, zona adstrita ao ordenamento Biópio/Culango, no Lobito, com homens, senhoras e crianças ao relento, numa área sem serviços sociais básicos.
Roupas, mobílias e utensílios domésticos estão à vista em muitas das trezentas e setenta bases, setenta das quais distribuídas aos antigos moradores.
Há muito que os sinistrados vêm advertindo que não possuem os oito mil dólares norte-americanos para o que falta.
Um dos afectados disse que "não temos emprego, por isso não vamos conseguir construir uma casa como esta (casa modelo), conforme nos disse o senhor administrador".
Ele acrescentou que "se calhar, como vêem, a solução é esta, morar aqui nas bases com as nossas crianças. Era melhor o Governo construir; nós pagaríamos as rendas durante anos. Ficaríamos satisfeitos".