O Banco de Comércio e Indústria (BCI), adquirido ao Estado angolano pela Carrinho Empreendimentos, quer operacionalizar as verbas do o (FADA), que contava com 15 mil milhões de kwanzas, cerca de 30 milhões de dólares, até Junho do ano passado.
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O banco argumenta que não ser tarefa das autoridades financiar a agricultura familiar, soube a Voz da América, mas há quem argumente que as neessidades são tão grandes que a banca privada só por só não pode preencer o vazio existente.
Na província do Kwanza Sul, enquanto o Grupo Carrinho, gestor da Reserva Estratégia Alimentar, resumia o essencial do seu projecto Carrinho Agri, com o qual apoia pequenos produtores, o presidente do Conselho de Administração do BCI, Pedro Luís, pedia aos ministros da Agricultura e da Indústria e Comércio uma acção tendente a assegurar a transferência do FADA.
Pedro Luís, antigo ministro da Economia, disse que isso seria menos oneroso, assinalando que existem missões para as quais o Estado não está talhado.
Já o presidente do Conselho de Administração da Carrinho, Nelson Carrinho, enquadrou a proposta num conjunto de medidas em direcção a mudanças na economia por via da agricultura familiar
“Há realmente uma grande oportunidade para servir o nosso país, criar todo esse processo da agricultura familiar”, disse.
“ O momento é histórico, por isso entendemos que o futuro passa pelo campo, é oportunidade única”, acrescentou o empresário.
Ao lembrar que o FADA é constituído por dinheiro público, apoiando famílias camponesas com o crédito em condições diferentes da banca, o economista Abílio Sanjaia espera que uma eventual transferência seja devidamente explicada aos actores do campo.
Sanjaia disse que i FADA “é um fundo de todos nós, dos impostos que pagamos” e por isso Precisamos de saber mais, as vantagens, desvantagens”.
“Os agricultores familiares, os líderes de cooperativas devem ser convocados sobre esta possibilidade de o FADA alocar recursos no BCI, é assim que se constroem políticas inclusivas”, acrescentou o especialista.
O ministro da Agricultura e Florestas, António Francisco de Assis, refere que este fundo é um organismo público com dupla subordinação, deixando a decisão no campo do Ministério das Finanças
“Há uma subordinação mais directa do Ministério das Finanças, eu acredito que a minha colega [ministra] não irá colocar nenhum impedimento, é aceitável e dá para também se depositar recurso no BCI no sentido de alimentar a agricultura familiar”, disse o governante.
À VOA, o presidente da Associação Insustrial Angolana (AIA), José Severino, realça que os fundos são importantes para a saída da crise e salienta que só a banca não dá resposta aos vários anos sem crescimento
“Tem de haver fundos do Estado, estivemos sem crescimento económico, e a população cresceu 32%, um fosso muito grande para ser resolvido só com a banca”, disse.
“Os fundos podem ser passados a entidades financeiras estatais ou a bancos que tenham acordos. Dois anos graça, isto porque os empresários e empreendedores angolanos não estão capitalizados”, sugere o industrial.
O FADA, criado há vários anos, está para apoiar cooperativas, associações e ex-militares com o crédito em espécie, a distribuição de insumos e meios de trabalho.
A Carrinho está a subsidiar 58 mil pequenos produtores, em seis províncias, para depois adquirir os produtos e transformar-los no seu complexo industrial.