Autoridades moçambicanas dizem ter recuperado sede distrital de Muicumbe aos insurgentes

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Igreja Católica do distrito de Muidumbe, após ataque de insurgentes

Comandante da Polícia anuncia que Forças de Defesa e Segurança tomaram o município, mas não deu detalhes de vítimas ou detenções

As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique garantem ter recuperado a sede distrital de Muidumbe, na província de Cabo Delgado, que se encontrava na posse de insurgentes desde o fim de outubro.

Em declarações à TVM, na noite de quinta-feira, 19, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, disse que o Presidente da República tomou conhecimento da ocupação.

"Cumprimos uma etapa do nosso trabalho, mas não é o fim", garantiu Rafael, sem dar detalhes de vítimas ou detenções, mas assegurou que a“missão é progressiva e contínua com vista a pacificar o nosso país”.

Como a VOA e vários meios de comunicação moçambicanos e internacionais informaram recentemente, citando várias fontes, os insurgentes que desde outubro de 2017 realizam ataques contra aldeias da província de Cabo Delgado assumiram Muidumbe, onde impuseram a sua lei.

Entre 6 e 8 de novembro, o grupo terá decapitado cerca de 50 pessoas, apesar o do governador da província,Valige Tauabo, ter negado a ocupação da aldeia.

Cerca de 20 jovens morreram em exercícios de iniciação no grupo classificado terrorista pelo Governo.

A VOA falou com vários sobreviventes aos ataques que narraram as decapitações.

“Quando os insurgentes entraram no primeiro dia não fizeram isso, mas no segundo e terceiro dias levaram pessoas das aldeias para o campo de Muatide e executaram”, contou um professor que pediu o anonimato.

“Em Muatide a primeira pessoa a ser decapitada foi um professor, já em Muambula foram decapitados alguns régulos e outras pessoas”, revelou outro sobrevivente.

A província de Cabo Delgado está a braços com ataques de insurgentes há três anos e a estimativa de mortes é agora de duas mil pessoas, entre civis e militares.

Dados oficiais indicam haver, pelo menos, 435 mil deslocados internos devido a violência protagonizada por grupos, localmente conhecidos por al-shabab, que contam com alguma simpatia do Estado Islâmico, que já reivindicou vários ataques do grupo nos distritos do norte e centro de Cabo Delgado.