As autoridades da Guiné-Bissau garantem estar a investigar o caso das 25 crianças que frequentavam uma escola corânica na cidade de Buba, no sul do país, em situação nada satisfatórias e que foram resgatadas no fim-de-semana.
Enquanto a Rede de Jovens Adolescentes e Crianças promete acções de rua para pedir a intervenção do Governo, o governador de Buba garante que tal situação não irá repetir-se.
Com o responsável sob duas medidas de coação, o caso, no entanto, está a suscitar mais um debate à volta das crianças que são enviadas para aprender o alcorão e são usadas, entretanto, como pedintes nas ruas das cidades da Guiné-Bissau e de países vizinhos.
Duas crianças foram levadas ao hospital, mas já receberam alta médica.
Ussumane Sila, de 12 anos, e Aliu Sila, de 10, já se juntaram às de más 23 crianças talibés, entre as quais uma de cinco anos de idade, que se encontram neste momento sob a guarda das autoridades regionais de Quinara, no sul do país.
Contactado pela VOA, o governador local afirma que não vai permitir futuras situações desta natureza.
Mamadu Sanhá sublinha que a escola é permitida, sim, mas deve reunir condições necessárias.
“É tudo que queremos para as nossas crianças, mas que estejam em boas condições (porque) não vamos permitir este tipo de prática”, garante Sanhá.
Preocupado com o crescente fenómeno de crianças “talibés” nos últimos tempos, sobretudo no sul continental da Guiné-Bissau, o coordenador nacional da Rede de Jovens Adolescentes e Crianças ser urgente o engajamento das autoridades máximas do país.
“Esta prática é frequente, já aconteceu várias vezes”, refere Rosário Cabi, quem sublinha que as violações contra as crianças, particularmente, o trabalho infantil, acontece aos olhos das autoridades.
“Vamos desencadear acções cívicas para pôr fim a esta prática, mas é preciso o engajamento do Estado, neste caso, do Governo da Guiné-Bissau para que este tipo de situação ou comportamento possa ser estancada de uma vez por todas”, conclui Rosário Cabi.
O caso de Buba já se encontra no Ministério Público.
Uma fonte judicial disse à VOA que ao suposto mestre corânico foram aplicadas como medidas de coação a obrigatoriedade de apresentação periódica aos tribunais e o Termo de Identidade e Residência.