Autoridades chinesas investigam empresário com altas ligações ao Governo de Angola

Petróleos e dólares investigados

Empresário tem vários nacionalidades e nomes.

As autoridades chineses estão a investigar investimentos no valor de 10 mil milhões de dólares feitos pela companhia estatal Sinopec com apoio de empresário com ligações ao mais alto nível do Governo angolano.

O empresário é identificado por Sam Pa, que, segundo vários órgãos de informação, tem nacionalidade angolana e britânica, e é conhecido também por vários outros nomes, como Samo Hui, Sam King, Ghiu Ka Leung e António Sampo Menezes.

A publicação Caixin, sediada em Pequim e especializada em questões financeiras e económicas da China, revela que a investigação tem por objecto um investimento de sete anos para o desenvolvimento de cinco blocos de exploração petrolífera, e no qual foram gastos 10 mil milhões de dólares entre 2008 e Junho deste ano.

A auditoria foi lançada porque esses blocos não produziram quantidades significativas de petróleo, nem rendimentos para a companhia.

Ao contrário, registaram prejuízos na ordem de mil e 600 milhões de dólares, além de a auditoria concluir ter havido o que chama de violações no processo de tomadas de decisão.

Os investimentos da Sinopec foram feitos com base em estimativas exageradas em mais do dobro das reservas reais de petróleo.

A auditoria concluiu também que foi paga a uma filial da companhia uma quantia de mil 870 milhões de dólares por uma participação nos três blocos de exploração que valia menos de metade desse valor.

Segundo a Caixin, a relação da companhia chinesa com Angola começou em 2004 quando Sam Pa e a Sonangol constituíram duas joint-ventures, nomeadamente a China Sonangol International Holding e a China Sonangol International.

Esta última, por sua vez, criou uma outra joint-venture com uma filial da Sinopec, que viria a ganhar controlo de exploração de um bloco de exploração petrolífera que teve muito sucesso e que deu à companhia chinesa confiança para fortalecer as suas relações com Sam Pa.

A publicação diz que Sam Pa negociou a venda de 50 por cento dos direitos desse bloco depois de organizar um encontro entre o então director da Sonangol e actual vice-presidente angolano Manuel Vicente e dirigentes da Sinopec.

Pa terá garantido, na altura, aos executivos chineses que o Governo angolano iria intervir para forçar a companhia Shell a vender os seus 50 por cento no bloco à Sinopec.

A Shell, entreanto, tinha já garantido a venda a um consórcio indiano-japonês.

A publicação diz que a Sinopec pagou comissões e despesas diárias de Sam Pa e de outros directores da joint-venture da China Sonangol Internacional.

Pa teria recebido da Sinopec um cartão de crédito para despesas mensais de até 130 mil dólares, com o qual gastou sete milhões e meio de dólares até a companhia chinesa encerrar a conta este ano.