O ministro da Justiça e Segurança Pública, do Brasil, Flávio Dino, determinou a abertura de um inquérito policial para apurar o que admite ser um crime de genocídio na terra indígena Yanomami, o maior povo originário do Brasil, no Estado de Roraima.
A opinião é corroborada pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
Mais de 500 crianças indígenas morreram nos últimos quatro anos na região, onde o garimpo ilegal avançou na Amazónia, contaminando a água e, por conseguinte, uma contaminação generalizada entre os índios.
Nos últimos quatro anos, o número de garimpeiros chegou a 20 mil, quase o tamanho da população de 28 mil povos originários na região.
O garimpo contamina a água, fonte essencial dos indígenas para a hidratação - que causou centenas de mortes.
Estevão Senra, pesquisador do Instituto Socioambiental, afirma que também houve cortes nos recursos para a saúde dos indígenas, o que foi crucial para agravar a situação.
“É uma das maiores tragédias que tem acontecido em solo brasileiro. Estamos falando não é de hoje. As lideranças indígenas têm denunciado sistematicamente ao estado brasileiro. Você tem uma situação de desnutrição severa em crianças de até cinco anos, com 80% delas em quadro de déficit nutricional”, disse Senra.
Nesta semana, uma comitiva do Governo federal visitou o povo indígena e, na sequênca, o Presidente Lula decretou emergência de saúde pública.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirma que o que aconteceu no povo Yanomami foi um genocídio.
“Houve um negligenciamento muito grande em relação à saúde indígena. é uma genocído programado. Se não há um planejamento pra atender e levar a saúde de forma eficiente é sim um genocídio planejado”, considerou a ministra.
O sistema judicial brasileiro está a investigar as mortes e a analisar se há indícios de genocídio nas mortes das crianças yanomamis.
O Governo federal já demitiu mais de 60 funcionários que actuavam diretamente com a saúde dos povos indígenas.
Jair Bolsonaro fala em farsa da esquerda
Caso a justiça considere que houve irregularidades e omissão do Estado, o ex-Presidente Jair Bolsonaro pode ser responsabilizado pelos crimes.
Nas redes sociais, Bolsonaro defendeu-se e disse que as acusações são uma farsa da esquerda.
“Contra mais uma farsa da esquerda, a verdade: os cuidados com a saúde indígena são uma das prioridades do Governo federal. De 2019 a Novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de atenção básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS”, escreveu Bolsonado na sua página Telegram na mensagem.