Autoridades policiais angolanas revelaram ter desmantelado uma operação, denominada “Resgate”, no passado mês de novembro que pretendia realizar “ataques terroristas” durante a visita do antigo Presidente americano Joe Biden a Luanda.
O porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) disse à Televisão Pública de Angola (TPA) neste sábado, 25, que o plano foi preparado para ser executado em outubro, data em que Biden tinha previsto visitar Angola.
Por seu lado, a agência angolana de notícias ANGOP informou também hoje que a Procuradoria Geral da República (PGR) encerrou a instrução preparatória e entregou o processo ao Tribunal da Comarca do Huambo para julgamento.
Integrado por seis angolanos, o grupo, dirigido por um cidadão que se intitula presidente do movimento revolucionário “Furoa”, pretendia explodir a Refinaria de Luanda, o Palácio Presidencial, a Assembleia Nacional, a Embaixada dos Estados Unidos, o Hotel Intercontinental, a subestação elétrica do Huambo, a sede da SIC e os reservatórios de combustível da Sonangol.
Ao apresentar o caso na televisão pública, o porta-voz do SIC disse que o grupo foi monitorado e na sua posse foram encontrados 60 explosivos e produtos tóxicos e asfixiantes.
Manuel Halaiwa acrescentou que o grupo tinha por inspiração alguns “grupos terroristas” africanos a quem o líder terá escritio cartas a solicitar apoio militar, tendo estado, inclusive, no Burkina Faso.
Aquele responsável ainda disse que o referido líder também terá enviado carta à Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) e que viajou ao exterior.
Ele indicou que o líder do grupo é João Deussino, também conhecido por Joel, e teria sido detido na província do Cunene quando tentava fugir do país com a família através da Namíbia depois de frustradas tentativas a partir de Luanda.
Manuel Halaiwa concluiu que as autoridades americanas foram informadas a todo o momento e ajudaram Angola a “travar esta intenção de subverter a ordem e ataar objetivos estratégicos”.
Durante a sua intervenção, o porta-voz do SIC não mostrou fotos ou quaisquer outros documentos sobre os alegados ataques.
Entre o grupo está um agente da polícia do Huambo, onde foram feitas as prisões, assim como em Luanda.
Julgamento no Huambo
Por seu lado, a Angop, que diz ter tido acesso ao processo, revela que os arguidos estão em prisão preventiva e que foram acusados pela PGR do crime de “organização terrorista, concorrido com associação criminosa, fabrico, tráfego, detenção e alteração de armas e munições proibidas, fabrico, aquisição ou posse de substâncias explosivas, tóxicas e asfixiantes”.
Ainda de acordo com a mesma fonte, os crimes são considerados de “especial sensibilidade e complexidade”.
Citado por aquela agência como membro da defesa dos acusados, António de Oliveira Nasso pediu que o caso seja revelado na imprensa e que as audiências sejam transmitidas pelos meios de comunicação para que a população tenha “conhecimento dos factos”.
Nem o Governo angolano nem as autoridades americanas se pronunciaram.