O membro da UNITA, Faustino Mumbica, apelou à Igreja Católica para continuar a pressionar as autoridades para que se decida uma data para as eleições autárquicas no país.
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As afirmações surgem depois de o Bispo Dom José Imbamba ter, recentemente, afirmado numa entrevista a um jornal em Luanda que "há compromissos que não devem ser adiados continuamente. É necessário pôr-se em marcha a vontade expressa na Constituição na realização das autarquias, para que o país não se estagne à mercê de uma inércia paralisante".
Faustino Mumbica, responsável pelas questões eleitorais e autárquicas
da UNITA, disse: "mais do que a falta de compromisso estamos diante de uma postura que tem no exercício do poder político como um fim em si mesmo. Optou-se pela matriz comunista”.
O membro do partido pediu à Igreja Católica que continue a apontar aquilo que não estiver a ser respeitado no país e os caminhos que devem ser seguidos.
O membro do MPLA e professor universitário, Israel Bonifácio, diz que as autárquicas vão realizar-se e acusa a oposição de criar “falácias” para enganar a população.
"O MPLA é o mais interessado nas autárquicas, porque foi ele que trouxe à baila este processo”, disse Bonifácio.
“Como dizer que nós não queremos se nós é que aprovamos as leis? Isto são apenas falácias para fazer desconfiar a população”, acrescentou, afirmando ainda que vão realizar as autarquias "mas com calma, com cuidado e no momento certo”.
“Corridas podem estragar todo um trabalho que tem sido feito até aqui.", avisou
António Ventura, jurista e especialista na matéria, que pensa que não há interesse do poder político nas autarquias.
"Quem detém a maioria no parlamento mantém-se no regime centralizado e impede que as autárquicas sejam efectivadas, uma vez que uma das consequências da implementação do regime autárquico é, obviamente, a partilha do exercício do poder governativo”, disse Ventura.
Segundo o jurista, "há receio de descentralizar o poder". António Ventura nota que “o actual Presidente da República tem estado a introduzir novos elementos para justificar” os atrasos.
“O presidente quando assumiu o poder prometeu realizar as autárquicas, depois buscou o argumento da Covid-19, agora introduziram a nova Política de Divisão Admnistrativa, várias variantes para obstaculizar a implementação das autárquicas”, acusa.
Aleixo Sobrinho, do Instituto de Desenvolvimento e Democracia, considera que “a falta de compromisso mostra que as lideranças africanas no geral não estão interessadas com o bem comum dos cidadãos”.
“Se formos a casa dos dirigentes vamos ver lá dentro jardins, plantas etc, (searadados) pelo muro da casa para rua, quando eu, como cidadão, preciso de um jardim para passear com a familia”, apontou Sobrinho.
“Eles não estão interessados, as autarquias podem, sim, resolver este tipo de problema. As pessoas que governam Angola não têm a mínima noção do que deve ser um país”, finalizou.