Autarca de Nampula, Paulo Vahanle, suspenso e com atividades políticas limitadas

Paulo Vahanle, presidente do Municipio de Nampula, Moçambique

O líder da Renamo na província moçambicana de Nampula é acusado de incitação à desobediência através de manifestações violentas.

O Tribunal Judicial de Nampula, na província moçambicana do mesmo nome, suspendeu nesta terça-feira, 19, as atividades e alguns direitos como de manifestação do autarca local Paulo Vahanle e cabeça-de-lista da Renamo nas autárquicas de 11 de outubro, por alegada incitação à desobediência através de manifestações violentas.

Vahanle já reagiu dizendo que tudo não passa de perseguição política.

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O documento da Seção de Instrução Criminal, que suspende o autarca, reconhece o direito dos cidadãos à manifestação, mas sem que tal coloque em causa a integridade física dos outros.

O documento descreve que “face às últimas manifestações decorrentes das últimas eleições autárquicas, a nível da cidade de Nampula, cidadãos desta urbe sob orientação expressa do ora arguido, se fizeram às ruas para manifestar em repúdio à divulgação dos resultados e por conta destas manifestações ocorreram atos de vandalismo que culminaram com a agressões físicas que levaram alguns cidadãos a morte".

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Com essa decisão, Vahanle não deverá nos próximos quatro meses desenvolver qualquer atividade política, incluindo as manifestações em que reivindica vitória nas eleições.

O edil, que foi já ouvido esta terça-feira, pelo Serviço de Investigação Criminal de Nampula sobre o caso, e principalmente por ter mobilizado para o uso de ‘zagaia” para supostamente os cidadãos se defenderem da polícia, negou ser promotor de marchas violentas e justificou que tudo o que disse foi em ato político.

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"Perante esta situação, eu neguei redondamente aquilo que dizem, que eu faço a violência, expliquei que a zagaia ou flesha vem da nossa bandeira e quisemos travar a onda de assassinatos feitos por pessoas que diziam querem manter a ordem”, afirmou Vahanle aos jornalistas.

Ele acrescentou que a decisão do tribunal é fruto da perseguição política por se tratar de um político da oposição e visa permitir que o cabeça-de-lista da Frelimo tome posse numa altura em que a Renamo tinha afirmado não entregar o poder.

“Nós estamos a sofrer represálias mas foi o Governo moçambicano que aceitou que no país devia haver eleições. Quanto aos tumultos que estão a acontecer agora, quem devia ser responsabilizado era CNE, Polícia, procuradoria e tribunais”, concluiu Paulo Vahanle.

Refira-se que o autarca cessante e líder da Renamo em Nacala, Raul Novinte, e o seu assessor de comunicação Arlindo Chissale, estão, desde quarta-feira, 13, em prisão preventiva domiciliária, por ordem do juiz de instrução criminal do tribunal distrital.

Ambos são acusados de “incitamento à desobediência coletiva em concurso com a instigação pública ao crime”, e as suas atividades profissionais foram suspensas.