Ausência de João Lourenço dos BRICS pode ser mais um sinal de afastamento da Rússia

A ausência do presidente João Lourenço é um mais um sinal do afastamento de Angola dae apoio à invasão da Ucrânia pela Rússia, disseram analistas angolanos-O Presidente de Angola, João Lourenço, foi um dos líderes africanos convidados que não está presente na cimeira dos cinco países das economias emergentes (BRICS), que decorre na cidade de Joanesburgo, na África do Sul ,e que termina nesta quinta-feira, 24.

Em sua representação, João Lourenço, enviou o seu ministro de Estado para Coordenação Económica, José de Lima Massano, naquilo que é entendido por analistas da Voz da América como sendo também um sinal que indica um recuo na anterior intenção do estadista angolano de Angola vir a fazer parte do grupo econômico.

No discurso que pronunciou durante a cimeira da organização realizada, em Julho de 2018, igualmente em Joanesburgo, João ourenço, tinha reiterado o apelo de ajuda para reconstrução do seu país e deixado expresso o desejo de Angola de integrar o grupo das economias emergentes.

“O vosso exemplo nos inspira e nos motiva, a trabalhar com a ambição de almejar o objectivo de algum dia se poderem acrescentar outras letras à sigla BRICS”, defendeu João Lourenço

Para o jornalista, Ilídio Manuel o alinhamento do Presidente angolano com o Ocidente é a única razão que pode justificar o facto de Angola não estar representada ao mais alto nível na cimeira dos BRICS “uma vez que os BRICS têm um pendor para este país”.

O jurista e analista político, Pedro Capracata, também considera que o facto de os BRICS terem “um alinhamento político com um dos blocos, que é o bloco russo, faz com que haja um distanciamento com todos aqueles que de alguma forma tenham alinhamento político com o grupo do Ocidente”.

A cimeira dos BRICS está a debater temas ligados à adesão de novos países, a criação de uma moeda para as transações comerciais em alternativa ao dólar americano e de um Novo Banco de Desenvolvimento que deve funcionar como o braço financeiro dos BRICS são temas fortes que vão dominar a cimeira.

O bloco está igualmente a discutir as formas de contornar a utilização do dólar e do euro como moedas de referência.

Dados disponíveis revelam que o Produto Interno Bruto do BRICS atingiu 25,9 trilhões de dólares em 2022. O valor global produzido pelos cinco países no ano passado representa 25,5% da atividade económica global, num total de 3,23 mil milhões de habitantes, o que representa 40,7 por cento da população mundial.

O Irão, a Argentina, o Bangladesh, a Arábia Saudita, a Argélia, o Egipto e a Etiópia, que juntos produzem um quarto das riquezas mundiais, fazem parte dos 40 países que já manifestaram interesse em integrar o bloco.

Os presidentes, Cyril Ramaphosa, da África do Sul, Luiz Lula Inácio da Silva, do Brasil, Xi Jinping, da China, do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi e do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, são as figuras de destaque presentES no encontro de Joanesburgo

O Presidente Vladimir Putin decidiu não comparecer à cimeira devido ao mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes de guerra na Ucrânia, segundo as autoridades sul-africanas estando representado pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguey Lavrov.

O bloco representa mais de 42% da população mundial e 30% do território do planeta, além de 23% do produto interno bruto (PIB) e 18% do comércio global.