Da província angolana de Benguela, passagem obrigatória para distribuição de bens e serviços a vários pontos do país, chegam alertas para novos aumentos dos preços da cesta básica com a subida do frete na camionagem, já comunicada às autoridades.
Industriais do sector da camionagem justificam a medida com o aumento dos preços de acessórios e sugerem ao Governo uma linha de importação só para associados, até para compensar o que chamam de exclusão da classe dos programas de incentivo à economia.
A medida agora anunciada começou a ser pensada bem antes do aumento da gasolina, mas a consequência imediata, na óptica de analistas, não deve ser dissociada das dificuldades inerentes ao corte da subvenção, mormente no capítulo alimentar.
O presidente da Associacao dos Industriais de Canuonagem de Benguela, Nelo Moreira, ciente desta realidade, considera que uma paralisação total seria a alternativa às mexidas no preço da transportação.
“Nós sabemos que o gasóleo não subiu, mas subiu o resto, subiram os filtros, as baterias, os pneus … uma forma de equilibrar talvez fosse arranjar uma linha de importação só para nós, que somos os ‘patinhos feios’ dos transportes. Se comprava um pneu a 80 mil passo a comprar a 120, por que os outros segmentos podem alterar as coisas e nós não”?, pergunta aquele empresário, lembrando que “de Benguela vai-se para quase todas as províncias".
O economista Abílio Sanjaia lembra que esta medida coincide com a depreciação da moeda, o kwanza, e a instabilidade de preços e antevê mais dificuldades para as famílias angolanas.
“Isto é por cascata , os preços vão subir, tudo está a coincidir com a retirada da subvenção, embora esta situação [camionagem] tenha a ver com o excesso de importação. Os agentes económicos também vão especulando, há fragilidades das nossas instituições no sentido da supervisão, tudo isto fará com que o consumidor final veja a vida muito difícil”, avança aquele economista.
Alguns sectores do Governo de Benguela, como os gabinetes dos transportes e do desenvolvimento social e económico, já fizeram saber que não concordam com o aumento dos fretes.
A verdade é que a medida, tomada após uma reunião dos associados, foi transmitida já ao governador provincial, Luís Nunes, estando a nova tabela de preços a caminho do Ministério das Finanças.
Uma corrida Benguela/Luanda, que antes custava 500 mil kwanzas, cerca de 630 dólares, deverá custar entre 600 a 650 mil kwanzas.