O Banco de Moçambique reviu esta semana em alta as taxas de juros de referência em vigor no país, tendo adicionado 50 pontos base à da facilidade permanente de cedência de liquidez para 8,25.
Esta medida visa conter a alta do dólar americano, face ao metical.
Economistas, representantes da banca comercial e a Confederação Económica do país reagem à actual conjuntura económica em Moçambique, dizendo que o consumidor é quem pagará a factura, pois os preços poderão aumentar ainda mais.
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O acesso ao dinheiro está mais caro para os moçambicanos, pois o Banco de Moçambique, reviu em alta as taxas de juro de referência em vigor no país tendo à da facilidade permanente de cedência de liquidez subido para 8,25%, o que para o economista Caldas Chemane vai reduzir a circulação da moeda, tendo em conta a alta do dólar americano que esta quarta-feira está cotado em 53 meticais.
"Há duas leituras que se podem fazer, a primeira é que é uma tentativa de controlo da massa monetária e, por outro lado, é uma tentativa de controlo da taxa de câmbio. Do lado empresarial é podemos chegar a uma situação que há uma redução da capacidade de investir na economia e redução de uma capacidade de existência de moeda para consumo", disse Chemane.
Para a banca comercial, as medidas adoptadas pelo Banco Central poderão conter a alta dos preços, ou seja da inflação, mas os efeitos destas medidas apenas deverão ser sentidas em 2016, segundo José Reino da Costa, presidente da Comissão Executiva do BIM.
"O Banco de Moçambique está muito preocupado com a inflação, aliás já está-se a verificar este ano um aumento da inflação, e estas medidas vêm no sentido de controlar antecipadamente o descontrolo da inflação no país, o que parece uma medida acertada", disse Costa para depois acrescentar que "em relação à depreciação do metical o impacto não será directo, na medida em que os agentes econômicos havendo uma restrição da liquidez no mercado eles próprios terão também menos actividade económica e por esse efeito haverá um controlo maior das importações e partir daí poderá haver um maior controlo da depreciação do metical".
Quem está aflito com a actual conjuntura económica do país são os empresários, que vêm reduzida a sua capacidade de importação de produtos de primeira necessidade, devido à escassez do dólar americano.
Os consumidores vão pagar a factura, de acordo com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
"O efeito destas medidas serão sentidas nas empresas, sabemos que o que a empresa sente repassa para a sociedade, pois as empresas têm que continuar a funcionar visto que não são instituições de caridade", diz a confederação.
Recorde-se que em finais de Setembro e início de Outubro os moçambicanos foram surpreendidos com o agravamento de preços de bens de primeira necessidade, como pão, água e Electricidade, cujos preços não sofriam alterações há alguns anos.