Furto qualificado e violação sexual e violência doméstica lideram a lista de crimes que estão a aumentar em são Tomé e Príncipe, sendo muitos com recurso a armas de fogo.
O clima de medo é cada vez maior.
Na última década o índice de criminalidade aumentou em mais de 100 por cento e em contrapartida os meios de combate são cada vez mais reduzidos.
“O nosso país sempre foi visto como um lugar tranquilo, mas nos últimos tempos temos confrontado novas formas de criminalidade que nos deixam muito preocupados”, disse Wilsene de Barros, diretor da Polícia Judiciaria de São Tomé e Príncipe, que recebeu a promessa de reforço da Ministra da Justiça, Ilza Amada Vaz.
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“Vamos pedir apoio da polícia judiciária Portuguesa e da Polícia federal do Brasil para pormos em marcha um plano de reforço das capacidades de intervenção e prevenção de crimes”, disse a ministra Vaz.
Mas para o analista Liberato Moniz só o reforço da capacidade da PJ não é suficiente, e avisa que é necessário acabar com a impunidade no país.
“As pessoas roubam, três dias depois estão na rua. As pessoas matam pouco tempo depois são libertadas. Os crimes de corrupção não são enquadrados no rigor da lei”, diz Moniz, que realça que os prevaricadores já deram conta da impunidade e da vulnerabilidade do Estado no combate ao crime.
Este analista critica a forma com as autoridades estão a gerir o caso do jovem delinquente disfarçado de cadeirante, que foi posto em liberdade após a apresentação de um relatório médico que não correspondia ao seu estado de aptidão física.
Famílias vulneráveis
“Quem passou este relatório já deveria ser despedido e sujeito a um inquérito, mas isto não aconteceu,” sugere Moniz, criticando também o juiz que decidiu pela libertação deste recluso reincidente com base num relatório que de acordo com o ministro da Saúde, Celsio Junqueira, não foi autenticado pelo sistema nacional de saúde.
Outro analista, Meyer António indica o desemprego como outra causa do aumento da criminalidade associado ao consumo de drogas.
“O consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas é muito elevado para um país de cerca de 200 mil habitantes. Todos sabemos onde estão as plantações de cannabis, mas ninguem faz nada, o fabrico tradicional de bebidas alcoólicas não tem controlo,” afirma António.
Mais de 80 por cento dos crimes registados em São Tomé e Príncipe são praticados por jovens com idades compreendidas entre os 18 e 40 anos.
O ativista social Adélcio Costa pede mais atenção para as famílias vulneráveis.
“É preciso olhar para as famílias vulneráveis e os jovens inseridos nestas famílias. As pessoas quando não têm ocupação estão livres para coisas menos boas”, alerta.
Costa defende a criação de centros desportivos e outras atividades que “possam levar os jovens a ter melhor orientação para vida”.